“Derrama algumas lágrimas ao pensar no dia em que estiver de fora vendo os garotos tropeçando na bola”
A bola foi esticada da direita para a esquerda. Uma perfeita diagonal. Da lateral até a ponta. Pedrão está cinco metros à frente do zagueiro, mas chega atrasado. Pesam os 47 anos e a barriga saliente. Vinte anos antes, ganharia na corrida e quando o adversário viesse babando para dar o carrinho, ele daria uma puxada na bola para o lado direito e soltaria a bomba. Ou faria melhor: levaria pelo lado esquerdo e chutaria de canhota mesmo. Seria um belo gol. Ele sairia comemorando e o zagueiro reclamando com os companheiros pela falha na cobertura. Pedrão sonha enquanto aguenta a gozação dos amigos.
Hoje, dá um pique e em seguida se desliga da pelada para poder respirar. Do atleta goleador sobrou só a vontade. As canelas afinaram e, além da barriga, ficou bundudo. Sua indumentária é cômica: joelheiras devido aos ligamentos arrebentados, coxeira na perna esquerda para preservar uma contratura mal curada e calção tipo skatista. Para completar, a camisa é menor dois números. E para ficar mais ridículo, Pedrão incorporou aos acessórios um boné. Com a aba virada pra trás. Não há careca que aguente tanto sol. Se com esta descrição você está se lembrando do ator Danny de Vito, quase acertou.
Pedrão sabe que está no fim de sua carreira de centroavante. Não acredita que vai comemorar os 50 anos fazendo um gol. Nem de pênalti. Num jogo de uma hora toca na bola umas oito vezes, a maioria no primeiro tempo. Percebe-se resquícios de habilidade. Não marca ninguém e a defesa adversária pouco se preocupa com ele. Por respeito, a moçada não reclama.
Não reclama, mas longe dele as piadinhas sobre seu futebol correm soltas. Ele sabe que já está de hora extra. Depois da pelada sente como se tivesse sido atropelado. Dói tudo. Da cabeça ao dedão do pé. Continua por amor à bola. Diz que é para perder barriga. Mentira das grandes. Sabe que qualquer dia destes um dos joelhos vai lhe trair. Derrama algumas lágrimas ao pensar no dia em que estiver de fora vendo os garotos tropaçando na bola.
Encontra uma saída. Quando as pernas deixarem de vez de obedecer a cabeça vou virar goleiro, pensa. Mas logo sepulta a idéia. Um cara como eu, goleador dos bons, ficar embaixo dos três paus? Além do mais sou baixinho, analisa. Esquece tudo e novamente pisa no gramado. Pomadinha nas costas e brilhando nas canelas, lá vai o persistente Pedrão jogando contra o tempo, tendo o amor pela bola a impulsioná-lo.
(Do livro de Antonio Roberto de Paula, “Da Minha Janela”, de 2003. Textos publicados no Jornal do Povo a partir de 1997)
Esporte Clube Pinheiros, janeiro de 1977
"Eu estava com 11 pra 12 anos nessa foto aí. Meu pai, Alirio Evaristo, me levou para assistir o torneio Taça Cidade de Curitiba, em janeiro de 1977. Ele era torcedor do Colorado, e me disse "você tem que ver meu time, é um timaço maravilhoso, espetacular e tal, você vai gostar". Fim de jogo, Pinheiros 2x1 Colorado. Pensei comigo "se o time do meu pai é bom, imagine esse de azu
Verdelírio Barbosa começou a escrever em 1959 num jornal chamado O Diário de Maringá, de propriedade de João Antonio Corrêa Júnior, o Zitão, jornalista e escritor já falecido. O jornal, homônimo daquele que viria a ser lançado em 1974, era diário só no nome. Em dificuldades financeiras, circulava uma vez por semana, às vezes nem isso.
A entrada no jornalismo aconteceu depois que Verd
Maringá das casas de madeira, com suas singelas varandas; suas cercas de balaústres separando terrenos e unindo vizinhos; longas conversas ao luar; habitantes iluminados e felizes, cúmplices de um tempo e de um lugar.
Maringá da poeira e do barro, das ruas de lâmpadas amarelas, de seus lentos veículos, geradores, limpa-pés, fogões de lenha, pomares e galinhas no terreiro. Maringá
- Tem fogo?
- Tenho.
- Obrigado. Quer fumar?
- Não, fumei agora.
- Que fila, não?
- Já entraram uns trinta.
- E são só cinco vagas.
- Eu tô aqui de bobeira. Não tenho experiência.
- Trabalhei só uns três meses nisso, mas não tem mistério.
- Então você tem mais chances do que eu.
- Sei não. Depoi
“Quilômetros de papel e rios de tinta imprimem o futebol ao longo dos anos, atravessando gerações. Na era digital, as Imagens avançam pelos céus, rompem todas as fronteiras. As vozes do amor ao futebol ecoam pelo grande campo que é o mundo. Agora, em algum lugar, alguém chuta uma bola. A paixão mais documentada da história não para. O jogo nunca termina.”
(Antonio Roberto de Paula)
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