Verdelírio Barbosa começou a escrever em 1959 num jornal chamado O Diário de Maringá, de propriedade de João Antonio Corrêa Júnior, o Zitão, jornalista e escritor já falecido. O jornal, homônimo daquele que viria a ser lançado em 1974, era diário só no nome. Em dificuldades financeiras, circulava uma vez por semana, às vezes nem isso.
A entrada no jornalismo aconteceu depois que Verdelírio enviou ao jornal de Zitão um artigo condenando a violência no futebol. O artigo não continha informações a respeito do futebol mundial ou pelo menos do brasileiro. Nada de análise sociológica. A questão era outra, bem doméstica.
Revoltado com a atuação criminosa de um zagueiro contra o Corintinhas, equipe amadora maringaense do qual ele era diretor, Verdelírio colocou seu desabafo no papel.
"O jogo era o Corintinhas contra o Melhoramentos. Tinha um zagueiro do Melhoramentos, meu amigo, o Miltão, que dava da medalhinha pra cima. Eu achei aquilo uma barbaridade."
Zitão gostou do artigo e o chamou para escrever no O Diário. Dada a inconstância do matutino, matutino entre aspas, frise-se, Verdelírio aportou no começo dos anos 60, no O Jornal de Maringá, que tinha Rubens Ávila como redator-chefe, já falecido, que viria a ser o primeiro chefe de redação do atual O Diário do Norte do Paraná, em 1974.
Em 1966, Verdelírio foi trabalhar na Folha da Norte como colunista esportivo, tendo como patrão Joaquim Dutra e redator-chefe A. A. de Assis. Ficou cerca de um ano. Retornou ao O Jornal de Maringá, onde praticamente construiu sua carreira jornalística escrevendo sobre política.
O envolvimento de muitos anos com o concorrente da Folha do Norte, o torna um dos mais habilitados a analisar aquele período em que O Jornal era considerado o primo pobre diante da modernidade e influência do jornal do bispo. Ao contrário da maioria, que imagina ter sido Ivens Lagoano Pacheco o primeiro dono do O Jornal, Verdelírio afirma que foi Samuel Silveira, um dos sócios da Rádio Cultura.
Segundo o jornalista, Ivens vendeu o jornal para um grupo político formado por Rodolfo Purpur, que foi reitor da UEM, João Paulino Vieira Filho, Evelino Pouper, entre outros. Os políticos continuaram mandando no jornal. Vieram em seguida Ardinal Ribas, já falecido, que chegou a ser deputado, e Helenton Borba Cortes, médico e vereador maringaense dos mais conceituados. Cortes, também falecido, era uma figura bastante respeitada em Maringá. Até João Paulino, que era amigo de Cortes e virou adversário no início da década de 60, só tem palavras elogiosas para ele.
Tendo apenas o hiato de 1966, quando foi para a Folha, Verdelírio viveu todos os momentos do O Jornal, fazendo de tudo um pouco, cumprindo inclusive a função de revisor junto com José Maria Bernardelli, ex-vereador na cidade e um dos mais prestigiados árbitros de futsal.
Ardinal Ribas deixou o comando para o filho Marcos Iran Ribas. Em 1972, a situação no O Jornal tornou-se crítica. O nome era forte, mas a estrutura frágil. Proprietários dos jornais Diário do Noroeste, de Paranavaí, e Umuarama Ilustrado, de Umuarama, se interessaram. Tinham intenção de constituir uma sociedade e arrendar o O Jornal.
Foi quando três funcionários do jornal resolveram propor o arrendamento: Verdelírio, Osvaldo Lima, que saíra da Folha, onde escrevia sobre música e ingressara no O Jornal para fazer esporte, e Luiz Nora Ribeiro, atualmente dono de gráfica em Maringá. Verdelírio lembra que o trio tinha muita coragem, mas dinheiro que era bom...
"Falamos com o Marcos Ribas: Já que você vai arrendar para eles por que você não arrenda para nós? Mas precisa tanto... E não tínhamos nada, era duro como estamos duros até hoje. Mas aí o Sílvio Barros era o prefeito..."
Sílvio havia sido eleito em 1972 e Verdelírio era bastante ligado a ele, tão ligado que havia se tornado seu assessor de imprensa. Marcos Ribas queria 5 mil cruzeiros pelo arrendamento. Pela amizade e pelo lucro promocional que o jornal poderia lhe dar, Sílvio deu o dinheiro da entrada, e Verdelírio, Osvaldo Lima e Luiz Nora assumiram. A primeira providência foi mudar a sede do jornal, que saiu da Santos Dumont e foi para o subidão do Maringá Velho, entre as praças José Bonifácio e Peladão.
O primeiro a deixar a sociedade foi Luiz Nora. Em seguida, Osvaldo Lima vendeu sua parte para Verdelírio. O jornal voltou a mudar de mãos quando Wilson Caetano fechou negócio com Verdelírio. Caetano, já falecido, era dono da Folha de Maringá em sociedade com Jorge Fregadolli.
Ele ficou pouco tempo com os dois jornais, desativou a Folha de Maringá e passou a comandar o O Jornal. E já na década de 80, Wilson Caetano chamou Verdelírio, o colunista esportivo Valdir Pinheiro, já falecido, e o publicitário Marco Antônio Beschizza para compor uma sociedade.
Beschizza não topou. Os outros dois, sim. O empresário da construção civil Ramirez Pozza entrou na sociedade em 1987 no lugar de Wilson Caetano. A nova sede já era na Bento Munhoz da Rocha. Valdir já havia saído. Com a entrada de Pozza, Verdelírio também saiu. Nas eleições municipais de 1988, o jornal apostou tudo no candidato a prefeito Ademar Schiavone, uma campanha declarada. Ricardo Barros venceu.
Em 1990, Ramirez fechou as portas, que só vieram a ser reabertas quase um ano depois por Verdelírio. No dia 31 de março de 1991, surge O Jornal do Povo comandado pelo diretor do Corintinhas, de 74 anos, que escolheu o caminho das letras para desancar o violento zagueiro Miltão e dele até hoje não saiu.
(Capítulo do livro “O Jornal do Bispo - A História da Folha do Norte do Paraná”, escrito por Antonio Roberto de Paula em 2001)
(Antonio Roberto de Paula
Pelo que sei, tinha vindo do norte. Não sei qual norte. Ou seria do sul? Que era corintiano até a raiz, transferência da paixão que vinha do bisavô, mas nunca chutara uma bola. Gostava de cerveja aos domingos e nos outros dias da semana também. Sei que gostava de mulheres. Isso mesmo, no plural. De todas as cores, idades, vocações e tamanhos. No final, sossegou.
Os primeiros registros fotográficos do Maringá Velho e do Maringá Novo são creditados a Shizuma Kubota, do Foto Primeiro, e ao seu cunhado Tutomo Samuki, do Foto Moderno, este, responsável por grande parte das imagens aéreas da cidade nos anos 40 e 50. Soma-se a esta dupla histórica a família Eidan, do Foto Lux, aberto em 1948 no Maringá Novo. Excetuando as fotos e vídeos dos estúdios e produ
Nascida na cidade paulista de Guará, em 1939, a enfermeira Diva de Souza Fernandes chegou em Maringá no ano de 1946, com a mãe, a viúva Angélica Evangelina de Souza e seus quatro irmãos: Azezu, José, Getúlio e Daniel. O marido de Angélica falecera dois anos antes e diante das dificuldades em Guará, ela resolveu tentar a sorte na nova cidade. O primeiro endereço foi um rancho de palmito no Maringá
*Texto de Antonio Roberto de Paula em homenagem ao avô Jacinto Nogueira de Andrade - 1916-1971
"Corre lá, Toninho, vê como é que foi!!" Saía voando do quarto, passava pela sala e atravessava a rua. Chegava à casa da dona Lídia para ver o replay do gol do Brasil. Voltava correndo e contava para o meu avô Jacinto cada detalhe do lance. Foram quatro idas ou mais. O Brasil venceu a Tchecoslováquia por 4
“Quilômetros de papel e rios de tinta imprimem o futebol ao longo dos anos, atravessando gerações. Na era digital, as Imagens avançam pelos céus, rompem todas as fronteiras. As vozes do amor ao futebol ecoam pelo grande campo que é o mundo. Agora, em algum lugar, alguém chuta uma bola. A paixão mais documentada da história não para. O jogo nunca termina.”
(Antonio Roberto de Paula)
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