O futebol romântico morreu bem antes de Pucca. Como ele sabia que as tardes de domingo não seriam memoráveis como aquelas das décadas de 60 e 70 e início dos anos 80, ele foi fazer outras coisas menos tensas e apaixonantes. Tornou-se apresentador de tevê num programa bem diferente das suas transmissões de futebol pela rádio Difusora.
Ali, empunhando a latinha, soltando sua personalíssima e vibrante voz, ele ditou o ritmo do rádio esportivo de Maringá, tendo Ferrari Júnior como rival. Destilando polêmica, abria o microfone para os torcedores no seu programa diário. Por meio de seus comentários, Pucca ajudou a construir ídolos e também foi responsável por muitas dispensas de atletas, por demissões de técnicos e saídas de dirigentes.
A exigência da torcida maringaense e da região em sempre querer um time forte, realmente disputante de títulos se deve ao estilo Pucca de fazer rádio. Ele não admitia jogadores medianos, não tinha paciência com os meninos formados nas categorias de base, não perdoava erros, era intolerante com elenco, comissão técnica e diretoria. Isso fazia aumentar os desafetos. Mas em proporção bem maior crescia o número de ouvintes. Hoje parece exagero dizer, mas quem acompanhou aquele período sabe que era dado informalmente a Pucca o controle de qualidade do time de futebol de Maringá.
Mas havia um ingrediente bem maior do que a polêmica que fazia de Pucca um campeão de audiência. Era a emoção com que narrava um gol do Grêmio. O Willie Davids lotado delirava naquela narração que tinha um misto de alegria, heroísmo e autoridade. Éramos 20 mil pessoas ou mais exercitando a paixão alvinegra ao ver o nosso time derrotando o Londrina, o Atlético, o Coritiba e o Colorado. Com o ouvido colado ao radinho, ao som de Antonio Paulo Pucca.
Além de apresentador de tevê, Pucca foi político e exerceu outras funções públicas, mas o que fica na memória do torcedor maringaense, daquele que acompanha futebol bem antes do advento das empresas esportivas, do sepultamento da paixão e da entrada do profissionalismo maquinal, é a sua voz forte, exigente e emocionada.
Um gol de Didi, narrado por Pucca em 1977, quando o Grêmio venceu o Coritiba no Willie Davids por 2 a 1, na decisão do primeiro turno do Paranaense, sempre vem à mente quando me lembro do título daquele ano. Didi acertou um potente tiro de fora da área. Pucca narrou o lance e, estrategicamente, esperou a reação da torcida para gritar gol. Uma catarse. Uma inesquecível página do futebol da Cidade Canção. Obrigado, Pucca! Agora, descanse em paz!
(Do livro de Antonio Roberto de Paula ´- “Diário dos Meus Domingos”, 2011 – textos publicados no jornal O Diário do Norte do Paraná de 2006 a 2009)
Voltei do cemitério e mandei ver no computador. Lembro-me que o texto saiu rapidinho. O Pucca me conheceu quando comecei a trabalhar na imprensa como colunista esportivo, no Jornal do Povo. Ele sempre respeitou o meu trabalho, o que muito me ajudou. Sempre que o encontrava, era muito simpático comigo. Eu, no entanto, conhecia o Pucca há muito mais tempo. Eu escrevia longas cartas para o seu programa de rádio, e ele as lia na íntegra; telefonava após os jogos do Grêmio Maringá e entrava ao vivo. Pensei em “Pucca, paixão e polêmica” porque é o resumo de tudo o que ele foi para o futebol maringaense. Uma inesquecível página. Texto publicado no dia 9 de setembro de 2007. Pucca faleceu no dia 6 de setembro de 2007, aos 65 anos.
“Eles soltavam a emoção e tudo o mais que viesse a seguir pouco interessava”
Concordo que uma imagem vale mais do que mil palavras. Mas a narração original dos jogos da Copa de 70 do saudoso Geraldo José de Almeida com os comentários do também saudoso João Saldanha, o maior cronista esportivo que este país já teve, é de fazer chorar de emoção. Mesmo que o te
Durante nove anos, Walter Poppi escreveu na Folha do Norte. De 1970 até o jornal cerrar as portas em 1979. Poppi começou precocemente. Aos 14 anos, em 1962, no O Jornal de Maringá, estava escrevendo as primeiras laudas como auxiliar de Antonio Calegari, o Foquinha, considerado um dos melhores repórteres policiais da época.
Antes de ir para a Folha, Poppi trabalhou quatro anos na Prosdócimo, empresa de móveis e eletrodomést
Na Rua do Rosário, em Ponte Nova de Minas, acabara de nascer uma criança. Menino ou menina? Professor. De quê? De tudo. Um nome chique lhe deram: José Hiran Salée.
No Departamento de Letras da UEM, onde fomos colegas durante uns bons anos, minha mesa ficava ao lado da dele na sala dos professores. Ali, de papo em papo, em meio a intermináveis discussões sobre sinédoques e anaptixes, acabei conhecendo tin
“Homenageou um santo e para não ficar muito carola tascou um nome pagão na sequência”
Nasci Antonio como poderia ser João ou Pedro. O parto aconteceu entre Santo Antonio e São João, entre fogos de artifício e bandeirinhas coloridas. Feliz de quem nasce em junho. Pega carona nas festas juninas e recebe benção tripla. A benção do triunvirato Antonio, João e Pedro.
“Quilômetros de papel e rios de tinta imprimem o futebol ao longo dos anos, atravessando gerações. Na era digital, as Imagens avançam pelos céus, rompem todas as fronteiras. As vozes do amor ao futebol ecoam pelo grande campo que é o mundo. Agora, em algum lugar, alguém chuta uma bola. A paixão mais documentada da história não para. O jogo nunca termina.”
(Antonio Roberto de Paula)
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