O boteco tem fachada simples, paredes descascadas, piso trincado e uma mesa de sinuca no meio. São dois balcões formando um “L”, e atrás deles dois freezers com garrafas até a tampa. Cartazes de mulheres com coxas e barrigas de fora propagandeiam cervejas.
Na estufa sobre um dos balcões, pastéis, coxinhas e quibes, aqueles com ovos cozidos dentro. Na pequena prateleira, litros de vermute, conhaque, vinho, fernet e cachaças de marcas diversas. Espremida entre os destilados, uma pequena imagem de Nossa Senhora Aparecida, com um terço enrolado no pescoço, abençoa e protege o bar e seus frequentadores.
A televisão, fixada num suporte próximo ao teto, está desligada. O som ambiente sai de um toca-CD, colocado sobre uma mesinha ao lado dos freezers. O aparelho toca de acordo com a exigência da clientela. O sertanejo e o pagode predominam. Para cada cinco do Matogrosso e Mathias e do Martinho da Vila, vai uma romântica internacional.
Pelo menos 30 fregueses devidamente cadastrados na “pendura” se alternam durante a semana. Nas tardes de sábado e nas manhãs de domingo fazem reunião obrigatória. Os dez bancos de frente para os balcões estão ocupados, assim como as seis mesas, com logomarca de cerveja famosa, espalhadas na calçada. As mulheres são poucas e acompanhadas.
Cerveja, fumaça - legalizada, bem entendido -, música, sinuca e conversas entrecortadas de gritos e discussões de mentirinha dão vida ao bar, nesse domingo de manhã. Crianças comem salgadinhos, tomam refrigerantes e abrem mais um chocolate. Quase sempre ao mesmo tempo.
Todos se falam, tudo parece uma grande mesa. Pedem pela quinta vez a saideira, pois o almoço está quase pronto e os ponteiros estão totalmente na vertical. Para matar a bola 15 da melhor de sete partidas, o craque do taco, que já cutucou sem querer a barriga de uns três, pede licença, passa giz e desfere o golpe fatal. Na caçapa! “Minha parte é só três cervejas e quatro branquinhas. O resto é do meu pato, aqui”, avisa para o botequeiro.
Mais de 1 da tarde. Meia hora atrás o movimento era enorme. Agora, só a meia dúzia dos retardatários de sempre insiste nas análises psicanalíticas, nas perspectivas da conjuntura nacional, nas possibilidades de rebaixamento do Palmeiras e do Corinthians e nas curvas da Juliana Paes.
Conversa vai e conversa vem. Mais vai do que vem. Futebol, sexo, política e dinheiro. Dinheiro, dinheiro, dinheiro... Para trocar o carro, para limpar o nome, reformar a casa e viajar. Dinheiro para pagar a conta deste boteco, para passar no açougue e comprar um frango assado que o pessoal está esperando. “Agora é a última mesmo. Traz mais uma e vê a conta”.
Do livro de Antonio Roberto de Paula ´- “Diário dos Meus Domingos”, 2011 – textos publicados no jornal O Diário do Norte do Paraná de 2006 a 2009)
Benivaldo Ramos Ferreira tem muitas lembranças do seu tempo de funcionário da Prefeitura de Maringá, iniciado na administração de Inocente Villanova Junior, quando era ainda adolescente, passando por Américo Dias Ferraz, João Paulino, Luiz de Carvalho, Adriano Valente, Silvio Barros, Said Ferreira e Silvio Barros II por último. Nessas administrações exerceu funções div
Meados da década de 1960. Chico ia passando de jipe, brecou, abriu a porta, mandou-me entrar: “Vamos até Marialva?”. Não perguntei para quê. Fui. Chegamos a uma torre que ele erguera no ponto mais alto da vizinha cidade. “Sobe?” Subimos. Uma vista fascinante. Diante de nós aquele verde e vasto planalto onde Maringá se destacava como futura metrópole. Chico, um idealista. Um sonhador contagiante.
Seu prop&oacut
Otacílio Tatá Cabral de Souza chegou em Maringá há mais de 60 anos. Veio de Santos-SP, onde nasceu. Seu pai, Valter Cabral de Souza trabalhou nos anos 50 na Cafeeira Santa Luzia, do prefeito Américo Dias Ferraz. A família morava no Maringá Velho, numa casa atrás do Hotel Nossa Senhora de Fátima. Tatá veio com o terceiro ano do curso primário, o quarto ano foi no Curso Pernambucano de Ensino, na rua Aquidaban, hoje Ne
“Portentosos edifícios cobrem o sol, tiram a cada dia um pouco da inocência desta cidade e se exibem de mãos dadas com o verde nos cartões postais”
Entre dúzias de cervejas e tijolinhos de presunto e queijo, estávamos reunidos jogando conversa fora. Ou melhor, de forma descompromissada desfilávamos um mosaico de situações cotidianas. A eloquência advinda do álcool proporciona
“Quilômetros de papel e rios de tinta imprimem o futebol ao longo dos anos, atravessando gerações. Na era digital, as Imagens avançam pelos céus, rompem todas as fronteiras. As vozes do amor ao futebol ecoam pelo grande campo que é o mundo. Agora, em algum lugar, alguém chuta uma bola. A paixão mais documentada da história não para. O jogo nunca termina.”
(Antonio Roberto de Paula)
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