Verdelírio Barbosa e seus dois irmãos chegaram em Maringá no ano de 1951 trazidos pelo pai José Firmino Barbosa e a mãe Maria Cassiano da Fonseca Barbosa. A família saiu de São José do Rio Preto-SP e antes da Cidade Canção ficou em Guadiana, distrito de Mandaguaçu onde Verdelírio estudou o primário.
Foram morar na avenida Laguna. A memória de Verdelírio em relação à Vila Operária é imensa. O Cine Horizonte da avenida Brasil, de madeira, de Antonio Del Grossi, assim como de madeira era a Santa Casa e a Igreja São José. Verdelírio pertencia à Cruzada da Eucaristia e antes das missas tinha que entrar na igreja pelo corredor central, em fila com os outros membros, todos com uma fita amarela identificando o grupo.
Na avenida Riachuelo, a Casa Estrela de João da Silva; na avenida Brasil, a Confeitaria São José, dos irmãos Valentim Sala e a Zeca; a Casa Paraná, o Mercadinho Assis, o bar do Enoc, a Casa Kiono, a Casa Suíça, a Móveis Caprichosa, a avenida Mauá com suas metalúrgicas e oficinas. Na praça Regente Feijó, descendo a Riachuelo, Verdelírio se recorda que sua mãe machucou a mão com arame farpado. “Acha que tem cabimento? Cercar uma praça com arame farpado?”, ainda indaga Verdelírio, depois de mais de cinquenta anos.
A bicicleta era o meio de transporte que existia em todas as casas. Bicicletas Prosdócimo vendidas, evidentemente, na Prosdócimo; Caloi, na loja João Vargas de Oliveira; e a Monark e a Hermes, na Hermes Macedo. A vespa, moto italiana que começou a ser fabricada no final dos anos 50 no Brasil, era artigo de luxo. Sonho de consumo dos rapazes dos anos 60. Tempo dos jipes, impalas, simcas, aero willys, rural Willys, DKVs. Tempo em que pó fazia redemoinhos, obrigando os comerciantes a baixar suas portas de aço e as donas de casa fechar portas e janelas. Operária dos operários, bairro dos primeiros empregados da Cia Melhoramentos Norte do Paraná.
Estudante do Colégio Dr. Gastão Vidigal, quando ainda ficava no prédio da Martin Afonso, hoje Instituto de Educação, e também do Curso Pernambucano de Ensino, de Miravan Barlavento Sales, Verdelírio teve como colegas de sala Tutomo Tanue e Valter Del Grossi e como professores, entre outros, um trio de Alegretti: Waldemar Alegretti, Ruy Alvino Alegretti, e Nadyr Maria Alegretti.
No centro da cidade, estão em sua memória a Panificadora Arco-Irís, na avenida Brasil com a rua General Câmara, hoje Basilio Sautchuk, a Panificadora Copacabana, na Getúlio Vargas, a Quibelândia, choperia ao lado do Móveis Cimo, na Duque de Caxias, a loja Ao Camiseiro, na Duque de Caxias com a Santos Dumont, o Restaurante Capri, de comida italiana. E apressa-se em dizer que conheceu o Bar Colúmbia, na Getúlio Vargas, do Américo Dias Ferraz.
E nas festas, os bailes de barracas nos quintais das residências, o Aero Clube, o luxuoso Grande Hotel com seus salões verde, amarelo e azul, o Grêmio dos Comerciários, na Neo Alves Martins, o Clube Paulistano, na avenida Centenário. E os divertimentos: as corridas de cavalo na avenida Colombo e a zona do baixo meretrício da avenida Guaíra, o Corintinha time de futebol amador, ele o presidente. Verdelírio afirma orgulhoso que em 1961 seus comandados fizeram um amistoso bastante disputado com o Corinthians de Presidente Prudente e perderam por 2 a 1. O time não teve vida longa. O futebol não era o caminho do rapaz.
O gosto pela política começou bem cedo. Verdelírio era fascinado pelos comícios. Em frente à São José, na Raposo Tavares, no Mandacaru. Sem shows musicais, mas com muita gente, vinda de todos os cantos da cidade, a atração eram os políticos. Os comícios representavam a grande oportunidade do candidato mostrar a cara e as propostas para o eleitorado. Na verdade, as propostas ficavam em segundo plano. Prevalecia a guerra das denúncias, infundadas ou não, por meio de discursos virulentos. Quem se comunicasse melhor, tinha grandes possibilidades de se eleger. Verdelírio destaca Haroldo Leon Peres, Jorge Ferreira Duque Estrada e Silvio Barros com grande poder de oratória nos anos 50 e 60. Ele conheceu todos os prefeitos e trabalhou no setor de Comunicação da Prefeitura, em 1973, na gestão de Silvio Barros.
Verdelírio começou na imprensa em 1959, no jornal de João Antônio Corrêa Júnior, o Zitão, já falecido, chamado O Diário de Maringá, homônimo do que foi fundado em 29 de junho de 1974. Era um semanário que circulou por pouco tempo. No começo dos anos 60, Verde foi trabalhar no O Jornal de Maringá, escrevendo sobre política e futebol. Em 1966, foi para a Folha do Norte do Paraná e no ano seguinte retornou ao O Jornal de Maringá, que depois teve o nome alterado para O Jornal e por fim Jornal do Povo. Convidado pelo amigo Frank Silva, fez coluna no O Diário nos anos 70 e 80.
A trajetória do O Jornal é contada por Verdelírio: “A história deste matutino começou em 1951 com Ivens Lagoano Pacheco que o vendeu para um grupo ligado a João Paulino Vieira filho: Ivo Assman, Ermelindo Bolfer, Evelino Pouper e Rodolfo Purpur, que depois foi repassado para o Ardinal Ribas. O jornal entrou em crise, e eu, o Oswaldo Lima e o Luiz Nora Ribeiro assumimos a direção. Nos anos 80, o Wilson Caetano comprou, vendendo em 1987 ao Ramirez Pozza. Em 1991, assumi, mudando o nome para Jornal do Povo.”
Além do impresso, Verde fez sucesso no rádio nos 80 e 90. Dos programas que fez nas emissoras Cultura, Difusora, Jornal e Atalaia, a Tribuna do Povão, apresentado das 11h às 12h, na Rádio Cultura, a emissora do Leão, foi o de maior sucesso, grande audiência. Uma verdadeira central de broncas, principalmente contra a administração municipal. A Tribuna do Povão foi um dos importantes canais de comunicação da população com o poder público. Sem papas na língua, o apresentador cobrava prefeito, secretários, vereadores, empresários e órgãos do governo do Estado e Federal. Entrevistava autoridades no estúdio e, mesmo sendo amigo da grande maioria, não aliviava, questionava sempre. E depois ainda repercutia na sua coluna no jornal.
Aos 76 anos, pai de três filhos, um neto, este pioneiro nascido na cidade paulista de São Carlos, ainda escreve diariamente sua coluna no Jornal do Povo, opina, critica, polemiza, tem ótima memória, guarda nomes de pessoas e locais, datas, detalhes de fatos marcantes da história da sua cidade, da sua Vila Operária, sem madeira, substituída pelo concreto. Mais movimentada, estruturada, valorizada, não mais bela do que aquele bairro que ficou nas imagens dos anos 50, 60, 70. A Operária do Verdelírio mudou tanto que resolveram até mudar seu nome para Zona 3.
(Crônica de Antonio Roberto de Paula originariamente publicada no livro “Maringá 70 anos – a cidade contada pelos que viveram sua história”, editado pela Unicesumar, tendo como autores Antonio Roberto de Paula, Dirceu Herrero Gomes, Miguel Fernando Perez Silva e Rogério Recco, 2017, 2018)
Jorge Fregadolli, nascido em Quatá, São Paulo, em 2 de março de 1938, filho de José Fregadolli e Palmyra Bóro Fregadolli, chegou a Maringá no dia 1º de fevereiro de 1953, numa época em que já se podia antever o célere desenvolvimento da cidade.
Logo que os Fregadolli chegaram, foram trabalhar numa fazenda onde hoje é o campus da Unicesumar. O menin
Venho folheando jornais antigos nas últimas semanas. Jornais de 30, 40, 50 anos atrás. Um passeio pela linha do tempo, um retorno para um mundo tão longínquo e tão presente. Cada folheada, uma história. Fico imaginando onde eu estava e o que estava fazendo no ano em que determinada edição foi publicada. E fico analisando os textos, os termos utilizados, as abordagens cerimoniosas e até ufanistas, os
“Um bola rolando pela quadra de tacos levando os sonhos das crianças”
O japonezinho da AABB de Nova Esperança faz golpe de vista. A bola passa raspando a trave. A mãe dá um suspiro. O pai solta um palavrão e exclama: “Que golpe de vista é este?” Os pais do ala-direita do Teuto estão apreensivos. O pai não pára de gritar. Enquanto isto, a mãe fuma um cigarro atrás do outr
“Eles soltavam a emoção e tudo o mais que viesse a seguir pouco interessava”
Concordo que uma imagem vale mais do que mil palavras. Mas a narração original dos jogos da Copa de 70 do saudoso Geraldo José de Almeida com os comentários do também saudoso João Saldanha, o maior cronista esportivo que este país já teve, é de fazer chorar de emoção. Mesmo que o te
“Quilômetros de papel e rios de tinta imprimem o futebol ao longo dos anos, atravessando gerações. Na era digital, as Imagens avançam pelos céus, rompem todas as fronteiras. As vozes do amor ao futebol ecoam pelo grande campo que é o mundo. Agora, em algum lugar, alguém chuta uma bola. A paixão mais documentada da história não para. O jogo nunca termina.”
(Antonio Roberto de Paula)
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