*Texto de Antonio Roberto de Paula em homenagem ao avô Jacinto Nogueira de Andrade - 1916-1971
"Corre lá, Toninho, vê como é que foi!!" Saía voando do quarto, passava pela sala e atravessava a rua. Chegava à casa da dona Lídia para ver o replay do gol do Brasil. Voltava correndo e contava para o meu avô Jacinto cada detalhe do lance. Foram quatro idas ou mais. O Brasil venceu a Tchecoslováquia por 4 a 1. Copa do Mundo do México, 1970, dia 3 de junho. Na casa do Vô Jacinto e da Vó Maria não tinha televisão. Pouca gente tinha televisão naquela época em Maringá ou em qualquer lugar.
A dona Lídia tinha uma Colorado RQ com pés embutidos. A vizinhança lotou a sala da casa dela naquele dia e lotaria nos jogos seguintes. Não fui porque quis ficar com meu avô ouvindo o jogo. O Vô Jacinto era quase cego e se emocionava criando as imagens do jogo.
O rádio era seu companheiro inseparável. Ouvia futebol, novelas e programas sertanejos. "Corre lá, Toninho, vê como é que foi!!" Eu voltava gritando: "Vô, o Rivelino chutou e a bola atravessou a barreira." Mais uma vez: "O Pelé matou no peito e chutou no ângulo." Novamente: "O Jairzinho chutou rasteiro no canto."
E, para fechar a goleada, eu dizia: "O Jairzinho deu um chapéu no zagueiro e fez o gol."
Ele sorria, olhando para um ponto perdido. Sentado, com os braços sobre as pernas, ele cruzava os dedos. Cruzar os dedos era o gesto característico do Vô Jacinto. Imaginava o que eu havia lhe falado e criava os gols à sua maneira. Assim foi contra a Romênia e Uruguai, este no dia do meu aniversário de 13 anos. Foi 3 a 1 para nós, um sufoco, uma tensão só foi desfeita depois que Rivelino fez o terceiro.
"Vô, o Tostão passou para o Clodoaldo chutar no ângulo; o Jairzinho entrou driblando pela direita; o Rivelino chutou da meia-lua."
Idas e vindas alegres naquelas inesquecíveis quartas-feiras noturnas na Vila 7 (agora mudaram para Zona Sete), a uma quadra e meia da São Paulo. Nos domingos, assistia na casa dos meus pais. Contra Inglaterra, Peru e nos 4 a 1 na Itália, que valeu o título.
Lá também tinha uma Colorado RQ. Dezenas de pessoas, gritaria, abraços, rojões, cerveja... Bem diferente da torcida cúmplice e quase silenciosa minha e do meu avô. Imagens da TV em preto e branco e lembranças coloridas. O Vô Jacinto não esperou a Copa de 74. Morreu no ano seguinte. A casa de madeira ainda está lá. A da dona Lídia também. Ela, eu não sei por onde anda.
Outras pessoas, que não conheço, moram nessas casas. Um tio ficou com o rádio do meu avô. Eu fiquei com um monte de lembranças. Já se passaram tantas copas... E o Toninho continua vendo como é que foi.
Verdelírio Barbosa começou a escrever em 1959 num jornal chamado O Diário de Maringá, de propriedade de João Antonio Corrêa Júnior, o Zitão, jornalista e escritor já falecido. O jornal, homônimo daquele que viria a ser lançado em 1974, era diário só no nome. Em dificuldades financeiras, circulava uma vez por semana, às vezes nem isso.
A entrada no jornalismo aconteceu depois que Verd
O que o rádio tocava virava sucesso. Em 1962, eram três as emissoras em Maringá: Cultura, Atalaia e Difusora. E uma grande rivalidade. O jornal era feito para um determinado grupo de pessoas. Já o rádio, com seu fantástico alcance, chegando a todos os rincões, dominava a preferência.
No lançamento da Folha do Norte, Osvaldo Lima estreou a coluna com um nome um tanto quanto esquisito: "Antenando e Discomentando&qu
Sempre fui apaixonado por futebol, uma paixão infinitamente maior do que a minha qualidade como jogador amador. Tenho muitas histórias de arquibancada e de sofá que marcaram minha vida de amante da bola. Tenho algumas de campo e de quadra, poucas, mas tenho.Tenho uma de 1971, quando tinha 13 para 14 anos. Guardo esta história com grande carinho porque foi a primeira vez que consegui ser protagonista num jogo (uma das poucas vezes, por sinal).
Vou contar.
Toda vez que passo em frente bate uma forte e bonita saudade. Um bom pedaço da história de Maringá teve o seu epicentro ali. Era a sala vip da cidade, o ponto de encontro das lideranças que na época determinavam rumos.
Lembro-me bem de ter estado lá na fase de acabamento da obra, junto com um grupo de jornalistas. Foi quando conheci o querido pioneiro Joaquim Moleirinho, com quem anos após tive longa conviv&ec
“Quilômetros de papel e rios de tinta imprimem o futebol ao longo dos anos, atravessando gerações. Na era digital, as Imagens avançam pelos céus, rompem todas as fronteiras. As vozes do amor ao futebol ecoam pelo grande campo que é o mundo. Agora, em algum lugar, alguém chuta uma bola. A paixão mais documentada da história não para. O jogo nunca termina.”
(Antonio Roberto de Paula)
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