Crônicas / Rainha Donzinha

 “Um anjo saltitante que esbanjou alegria fazendo da vida uma grande piada”

    Conheci Donzinha em 1978. Uma figura marcante. Daquelas que você vê e quando torna a encontrar tem uma baita satisfação. Donzinha tinha o raro dom de alegrar qualquer ambiente. Fazia amizade instataneamente. O que colaborava com Donzinha nesta sua quase permanente alegria era o pique mantido pelos filhos Tonico e Enio, dois eméritos piadistas. Se tinha suas tristezas – evidentemente que sim –, ela as guardava muito bem. Não deixava que as vicissitudes da vida aflorassem. Os males sucumbiam diante daquele estilo debochado de ser.

   A admiração por Donzinha me levou a entrevistá-la para a série “Maringá 50 anos”, de O Diário. Não foi apenas por admirá-la. Ela, com justiça, mereceu a homenagem, pois foi a primeira rainha do carnaval maringaense. Um título que muito a orgulhava e que ela, mais do que ninguém, mereceu.

   Em 1992, por minha sugestão, O Jornal do Povo fez uma ótima reportagem sobre Donzinha rememorando os primeiros carnavais da cidade. Na entrevista de 97 ela não estava bem. Reclamava de dores, mas à medida que o papo ia correndo e as lembranças da década de 50 ressurgindo, voltou a ser a de sempre. Enquanto era fotografada, mostrava todo o seu jeito brincalhão, com aquelas tiradas picantes, que enchia de rubor as faces dos menos avisados.

   Esperei que Donzinha fosse buscar seu título honorífico na câmara municipal, nas comemorações dos 50 anos de Maringá. Quando seu nome foi anunciado, o Enio é quem foi buscar o certificado. Com certeza ela não estava bem, pois não perderia aquela festa por nada. Aposentada da câmara, a baixinha era um arquivo vivo. Tinha um baú de gostosas histórias dos políticos maringaenses dos anos 50 e 60.

   Queria prestar uma homenagem à Donzinha. A melhor forma, sem dúvida, é rezar para que sua alma descanse em paz. Busquei também a escrita que é onde solto os meus pensamentos sem que seja assolado por pudores. Donzinha foi um pássaro que marcou cada um que com ela viveu em grande ou menor intensidade. Foi um anjo saltitante que esbanjou alegria fazendo da vida uma grande piada.

   Donzinha morreu aos 77 anos, no cinquentenário de Maringá, em 1997. Parodiando Manuel Bandeira no seu poema à Irene: “Imagino Donzinha entrando no céu. – Licença, seu moço? – Pode entrar, Donzinha, você não precisa pedir licença.”

(Do livro de Antonio Roberto de Paula, “Da Minha Janela”, de 2003. Textos publicados no Jornal do Povo a partir de 1997)

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     Antonio Drugovich comprou terrenos na Vila Operária e montou uma oficina.

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