Últimas Publicações / Antonio Roberto de Paula, cidadão benemérito de Maringá

Crônica de uma noite marcante - 

 

Recebi na sexta-feira (30) o título de cidadão benemérito de Maringá, projeto de lei apresentado pelo vereador, presidente da Câmara Municipal, Mário Hossokawa, meu amigo há mais de trinta anos, a quem agradeço penhoradamente. Foi uma noite inesquecível, memorável, para mim e meus familiares. Agradeço a todos que estiveram na Câmara acompanhando a sessão solene. Meu coração é um pote de agradecimentos. São muitos. Se elencar, corro o risco de esquecer nomes e este texto vai ser por demais longo.

Desde junho, quando os vereadores aprovaram o projeto de lei destinando-me o título e a sanção do prefeito Ulisses Maia, me preparei para este dia tão importante. Me preparei muito, mas, sorrateiramente, fui aprisionado pela emoção. Julgava estar preparado. Fiz tópicos para o meu discurso, anotei tudo em três folhas, um longe do outro para não me perder. Comecei até bem, mas aí comecei a embaralhar os tópicos; por fim larguei mão das folhas e comecei a falar, a agradecer, esqueci de citar os dois vereadores que estavam nas mesas abaixo da tribuna, à minha direita. Perdão Alex Chaves, perdão Maninho. No sábado, falei com o amigo Emerson Celestino, que trabalha com o Alex, falei com o amigo Rony Bergamasco, amigo do Maninho. Pedi que eles intercedessem por mim no pedido de desculpas pela falha. Espero que compreendam a rasteira dada pela emoção. Esqueci vários outros nomes. Mas é assim: as coisas são como são e não como deveriam ser.

As últimas duas semanas foram intensas. Tinha que me preparar para a solenidade e correr atrás dos amigos para vender convites para o jantar comemorativo dos 10 anos do Museu Esportivo. Por mais que me organizo parece que deixei tudo para a última hora. Nem vou entrar nos detalhes. Cada uma que vale por dez. A Simone teve a ideia de imprimir meu currículo literário em folhas para fazermos a distribuição com exemplares de exemplares do “Maringânias”, “Gelo e Brasa” e “Futebol – Recortes de uma paixão”. O Edilson Bega e o Orivaldo Cassarotti, parceiros do MEM, faziam a entrega para quem chegava.

A Simone leu “E passaram tantos janeiros” e o parceiro Tião Sobrinho “Vida e Bola”. Os meus amigos em composições e na vida Cláudio Viola e Ronaldo Gravino interpretaram “Maringá Velho” e uma nova versão do hino do Maringá Futebol Clube, o clube antigo dos anos 1990, da nossa autoria. Gravino tinha compromisso na Cachaçaria às 8 da noite. Eu sabia que não daria tempo, a sessão se estenderia até as 9, como de fato aconteceu. A amiga Célia Polesel, responsável pelo cerimonial, sugeriu alterar o roteiro, entrar com as músicas logo de cara. Não precisou. Gravino conversou com um amigo cantor para ir segurando até ele chegar. E assim foi feito. Muito emocionante ver o plenário cheio de familiares, dona Rita emocionada e feliz, amigos e amigas contentes, com seus abraços e suas palavras sinceras. Wagner Sabaini fez fotos para nós, Marquinhos Oliveira para a Câmara e Vanessa Rocha para a revista Tradição do amigo Jorge Fregadolli.

Disse no discurso, num dos momentos que consegui organizar a linha de raciocínio, que, quando nasci, no dia 17 de junho, na paulista Lupércio, Deus apontou o dedo pra mim e disse: “Você vai morar numa cidade nova no Paraná, tem só dez anos de fundação, vai viver lá por muito, muito tempo. Vai conhecer prefeitos, vai entrevista-los, vai conviver com eles, vai trabalhar com eles e na administração deles, mas não vai ser político. Vou te pôr em contato com Dom Jaime, Nhô Juca, Antonio Augusto de Assis, Antonio Facci, Emílio Germani e muitos outros pioneiros. Você vai conhecer os grandes jogadores dessa cidade e acredite, eles vão te chamar pelo nome: Roderley, Maurício Gonçalves, Zuring, Edgard Belizário, Oliveirão, Wagner Valente, Itamar Bellasalma, Nivaldo Carneiro, Adoílson, Luiz Antônio, o que atuou em mais partidas defendendo o Grêmio de Esportes Maringá, e muitos outros. Você vai criar uma casa da memória esportiva desta cidade e vai conhecer e ser amigos de atletas, homens e mulheres das mais variadas modalidades, dirigentes, árbitros. Só que tem um pequeno detalhe: você não vai ser jogador, vai amar o futebol, mas o talento para isso não vou te dar. Você vai conhecer grandes nomes da imprensa, jornais, rádios e TVs, muita gente dos anos 1960, 70 e 80, Antonio Paulo Pucca, Frank Silva, Joaquim Dutra, Tatá Cabral, Ary Bueno de Godoy, Waldir Pinheiro, Renato Taylor Negrinho, Borba Filho, Oswaldo Lima, Verdelírio Barbosa e tantos outros. Você vai entrevista-los, conviver com eles, trabalhar com eles, tomar cerveja com eles. Só que tem um detalhe: vou abrir portas, mas você vai trabalhar nisso até o fim da sua vida. Você vai escrever livros, produzir documentários tendo essa cidade e os pioneiros como matéria-prima. Um dia, a cidade vai te homenagear pelo seu trabalho, mas ponha na sua cabeça que comendas te dão tripla função: pregá-las na parede, de aumento de responsabilidade e de testar seu grau de humildade.

Imaginei falando tudo isso no discurso, não consegui, mas o teor da mensagem é este. Foi uma noite marcante. Para mim e para a Simone, minha companheira que torna possível tudo o que vem acontecendo na minha vida profissional e na vida do Museu Esportivo. No jantar, abracei e fui abraçado. Tanta gente querida que tornaram a noite muito especial. No sábado e no domingo as lágrimas me fizeram companhia em vários momentos. Agora, já consigo fazer uma análise. Obrigado a cada um que esteve comigo no dia 30 de agosto de 2024. Obrigado pelas manifestações de carinho e amizade do Mário Hossokawa, do Walter Guerlles e da Terezinha Pereira, que me desafiou a escrever um livro sobre as mulheres maringaenses (Terezinha, não fala de novo). Obrigado pelas muitas mensagens de amigos que não puderam comparecer. Obrigado aos amigos da imprensa que divulgaram a sessão solene, que repercutiram. Meu filho Guilherme Tadeu escreveu um texto arrepiante, que foi publicado na sexta-feira no Jornal do Povo. Tudo muito lindo, tem muitos outros detalhes, mas vou parando por aqui. Quem quiser saber mais, entre em contato que eu conto. Perdão, de novo, Alex e Maninho. Obrigado, Deus! Agora estou conseguindo compreender a razão de tudo. Então, vamos em frente. (Antonio Roberto de Paula) 

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