Otacílio Tatá Cabral de Souza chegou em Maringá há mais de 60 anos. Veio de Santos-SP, onde nasceu. Seu pai, Valter Cabral de Souza trabalhou nos anos 50 na Cafeeira Santa Luzia, do prefeito Américo Dias Ferraz. A família morava no Maringá Velho, numa casa atrás do Hotel Nossa Senhora de Fátima. Tatá veio com o terceiro ano do curso primário, o quarto ano foi no Curso Pernambucano de Ensino, na rua Aquidaban, hoje Neo Alves Martins, a admissão no Colégio Marista e o ginásio no Dr. Gastão Vidigal, que funcionava na rua Martin Afonso onde hoje é o Instituto Estadual de Educação.
Tatá começou a trabalhar muito cedo. Com 12 anos já era balconista do luxuoso Bar Columbia, na avenida Getúlio, outro estabelecimento de Américo Dias Ferraz. Depois virou aprendiz de farmacêutico e em seguida balconista da Agência da Vasp, localizada na avenida Getúlio Vargas esquina com a rua Santos Dumont. O chefe da agência, grande amigo de Tatá, viria a se tornar um fenômeno de audiência no rádio maringaense Arleir Tilfrid Ferrari Junior, falecido em 2016, fama que o levou a se eleger vereador e deputado estadual. Saindo da Vasp, Tatá foi para a Comercial Vicente de Materiais de Construção e no IBC (Instituto Brasileiro do Café.
Dos seus tempos de adolescente em Maringá, são muitas as lembranças relacionadas ao futebol. Bom de bola, tinha passado em um teste no juvenil da Portuguesa Santista, mas teve que acompanhar a família. No primeiro domingo que estava em Maringá, foi levado por Luiz Pinto, de quem se tornaria grande amigo, para assistir a um jogo no Brinco da Vila entre o time da Cia Melhoramentos e o do Operário. O menino Tatá presenciou uma grande pancadaria entre jogadores, torcedores e correria para todos os lados. Ele diz que depois daquela viu muitas outras confusões em um campo de futebol, mas jamais uma igual aquela de 1956.
Volante titular do time infanto-juvenil do Bangu, comandado pelo Padre Cleto, foi levado para fazer testes no SERM por Elói Silva, dirigente e um dos primeiros árbitros de futebol de salão de Maringá. Aprovado, jogou na equipe do Maringá Velho em 1957 e 1958 onde tinha o apelido de Careca. O SERM era tão forte e conhecido que havia um “empresário” conhecido por Maracaí que usava o nome do time para acertar jogos na região e levava jogadores que nunca tinham vestido a camisa grená do clube. Neste ano de 1958 atuou no Mandacaru. Com a conquista da Copa do Mundo pelo Brasil, a diretoria do Mandacaru decidiu homenagear o escrete canarinho e promoveu duas mudanças radicais: substituiu o uniforme branco por um totalmente amarelo, camisa, meiões e calção, e o time passou a se chamar Nacional Atlético Clube. Esqueceram de combinar com a população que não deixou de chamar o time pelo nome do bairro.
Já nos anos 60, foi para o Atlântico, time da Churrascaria Catarinense. O bom de jogar no Atlântico é que depois das partidas o churrasco e a cerveja eram à vontade. Lá, teve como companheiros Clóvis Pógere, Carlos Hortelã, Durango, Timó, entre outros. Conheceu o radialista o Ary Bueno de Godoy, da pior forma possível. ABG, falecido em 2016, grande amigo de Tatá, jogava no time da Rádio Cultura e ele no Os Cometas da Rádio Difusora. Resolveram promover um amistoso de futebol de salão na quadra de cimento do Colégio Dr. Gastão Vidigal. O que bastou para que a rivalidade fosse aflorada entre os funcionários das duas emissoras que brigavam pela audiência. O tempo fechou, briga entre os atletas e várias balaústras que cercavam a quadra foram despregadas, usadas como arma.
Naqueles tempos de rapazola, Tatá gostava de ir ao Cine Maringá, aos bailes do Aero Clube, em que era preciso ser apresentado por um sócio, na Escola de Datilografia Triunfo, que promovia brincadeiras dançantes, no Grêmio dos Comerciários, na rua Néo Alves Martins esquina com a avenida São Paulo, no Centro Português, no Olímpico.
Casado com Gina desde 1963, com quem tem uma filha que lhe deu dois netos, a vida de Tatá no rádio começou nesta época, na Difusora, onde começou como cobrador, depois operador de áudio, discotecário, chegando a locutor. Da Difusora para Rádio Cultura, de volta para a Difusora, colunista na Tribuna de Maringá, jornal de Manoel Tavares, com a “Disco e Cinema” e levando a coluna para a Folha do Norte do Paraná. Este foi só o começo.
A partir dos anos 70, ele trabalhou nos jornais O Jornal de Maringá, O Diário, Folha de Londrina, O Estado do Paraná, Tribuna do Paraná, Panorama, O Jornal e no Jornal do Povo onde está há trinta anos como editor-chefe. Nas emissoras de TV de Maringá, atuou na Band, Tibagi e Cultura (Globo).
Nas rádios Difusora e Cultura apresentou programas e fez reportagens de futebol, política, música, variedades, cobertura de jogos, carnavais, eleições e eventos em geral. Em 1968, resolveu voltar a Santos. Com a experiência adquirida na imprensa, voltou à cidade em que nasceu e para a terra do seu time de coração. E conseguiu trabalho. Primeiramente, na Rádio Cultura São Vicente e depois na Cacique de Santos. No feriado de 1º de maio de 1968, fez pista (trabalhou nas reportagens de campo) na Vila Belmiro, de um jogo pelo Campeonato Paulista entre Santos e Ferroviária, que terminou empatado. Preferiu voltar a Maringá porque financeiramente não era viável. “Pagavam por jogo. O Santos vivia excursionando pelo mundo. Ia ganhar muito pouco”, explica o santista que chegou a trabalhar nas rádios Cultura de Umuarama e Cultura de Rolândia, mas por pouco tempo.
A música, outra paixão de Tatá, o levou a ser crooner de bandas maringaenses dos anos 60. Fez parte da primeira formação do Os Jacarés, quando começou como vocalista. O grupo contava com Gentil José Jorge na guitarra, o saxofonista João José Jorge, já falecido, o guitarrista Catito, também já falecido, Vanderlei na bateria e Alvino no baixo. Como apresentava programa de auditório na Rádio Cultura, em parceria com ABG, aproveitava para fazer propaganda da banda. Pela divulgação e pela qualidade dos músicos, a agenda de shows do Os Jacaré em clubes de Maringá e da região era concorrida.
Tatá também foi vocalista no grupo Os Escorpiões, de Moacir Marques, que apresentava um programa para a juventude na Cultura. Cantou ainda no SBeat IV e no Nova América, famosa banda maringaense dos anos 80, bastante requisitada para tocar em bailes de formatura, datas comemorativas, bailes de Carnaval, em campanhas políticas. Tatá conta que cantou em muitos carnavais e que em 1992 encerrou as atividades como cantor profissional.
Jovem maringaense nos anos 60, frequentador da Lanchonete Predileta, na rua Néo Alves Martins, com sonhos e bombas na vitrine dando água na boca, os sorvetes na Oriental da rua Santos Dumont, as brincadeiras dançantes, os bailes, a Jovem Guarda, a cuba libre - Rum Merino, Coca-Cola e limão -, o hi-fi - drink de vodka com o refrigerante Crush e gelo -, as cervejadas, a Maringá do barro afundando os pés, o marrom da poeira colorindo o branco das camisas, uma cidade com paralelepípedos apenas nas avenidas Brasil e Getúlio Vargas, os amigos que já partiram, as mudanças nas fachadas, no cotidiano, na vida social, no comportamento, nos costumes, um tempo que ficou, que é história, que dela participou Otacílio Tatá Cabrtal de Souza.
(Crônica de Antonio Roberto de Paula originariamente publicada no livro “Maringá 70 anos – a cidade contada pelos que viveram sua história”, editado pela Unicesumar, tendo como autores Antonio Roberto de Paula, Dirceu Herrero Gomes, Miguel Fernando Perez Silva e Rogério Recco, 2017, 2018)
Todo conteúdo do livro está aqui e também neste blog: http://dispersosversoserrantes.blogspot.com/
Lançamento de "Dispersos Versos Errantes" na internet: 8 de novembro de 2010
SOBRE AS ILUSTRAÇÕES DO LIVRO-BLOG DISPERSOS VERSOS ERRANTES PRODUZIDAS POR ESTUDANTES EM 2003
Em 2003, pedi ao Marco Aurélio Fabretti, então e
“A atuação do time paraguaio foi um exemplo de que, em algumas ocasiões, vitórias e derrotas são apenas detalhes”
O Corinthians não mandou nenhum jogador para a seleção brasileira. E pelo elenco que possui, não houve injustiça. Mas o Timão não ficou de fora da Copa. Na zaga paraguaia o Corinthians se fez representar por Gamarra, um misto de guerreiro e estilista que
(Antonio Roberto de Paula
Pelo que sei, tinha vindo do norte. Não sei qual norte. Ou seria do sul? Que era corintiano até a raiz, transferência da paixão que vinha do bisavô, mas nunca chutara uma bola. Gostava de cerveja aos domingos e nos outros dias da semana também. Sei que gostava de mulheres. Isso mesmo, no plural. De todas as cores, idades, vocações e tamanhos. No final, sossegou.
Olho para a cara do Seu João, e através dela vejo uma Maringá de 40 anos atrás. Em 1966, já achava Seu João um velho. Hoje, constato que ele não era tão velho assim. Eu é que era muito novo, e qualquer cidadão que usasse calças compridas, camisas de colarinho e botasse um cigarro na boca eu chamava de senhor. Ensinamentos de um pai que não escolhia hora nem local para chamar a atenção do fi
“Quilômetros de papel e rios de tinta imprimem o futebol ao longo dos anos, atravessando gerações. Na era digital, as Imagens avançam pelos céus, rompem todas as fronteiras. As vozes do amor ao futebol ecoam pelo grande campo que é o mundo. Agora, em algum lugar, alguém chuta uma bola. A paixão mais documentada da história não para. O jogo nunca termina.”
(Antonio Roberto de Paula)
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