Em 1945, Arlindo e Mário Pedralli compraram uma fazenda de 150 alqueires em Ourizona, depois de venderem uma propriedade de 20 alqueires na cidade paulista de Rancharia. A vinda dos irmãos com suas respectivas famílias a Maringá aconteceu dois anos depois. Em 1947 e 1948, os Pedralli se estabeleceram na cidade até que parte da mata da propriedade fosse derrubada e iniciado o plantio de café.
Na fazenda batizada de São Roque, homenagem ao nome do pai de Arlindo e Mário, antes de construírem uma pequena casa de chão batido, tiveram que morar em um cercado feito de palmito tendo folhas de coqueiro como cobertura. Em Maringá, eles tinham três cabritas, mas levaram apenas uma para a fazenda, a que dava mais leite. À noite, com medo de ela se tornar presa das onças, colocavam-na dentro do barraco.
Ayres Pedralli nasceu no dia 10 de maio de 1937. Suas lembranças naqueles primeiros anos do seu pai Arlindo e do tio Mário são um misto de Maringá com a Fazenda São Roque. O primeiro trem chegou na cidade em 1954, mas ele conta que já em 1947 estava sendo feito o aterro da estrada de ferro no trecho entre a avenida São Paulo até a 19 de dezembro. “Era muita gente com enxadão. Mais de 300 burros ensinados que iam em fila levando cargas de terra nas carroças e voltavam vazios.” Ayres diz que esta imagem é a primeira que lhe vem à mente quando pensa naquela Maringá do barro e da poeira e ele com 10 anos de idade. Mas tem outras: a descida do primeiro avião, em 1947, e a chegada da imagem original de Nossa Senhora de Fátima, vinda de Portugal, em 1953, depois de passar por Siqueira Campos, Jacarezinho, Londrina e Apucarana.
Dos tempos de estudante aplicado, a memória é muito boa. Ele estudou no Colégio Santa Cruz, depois no Osvaldo Cruz. Foi aluno de Maria Balani Planas e de Odete Alcântara Rosa, colega de carteira de Mané Gago, figura histórica da Cidade Canção. Viajando alegremente no tempo, Ayres se lembra dos alunos de guarda-pó, perfilados, eretos durante a execução do Hino Nacional ou do Hino da Independência. Comenta orgulhoso que chegou a receber a Cruz Vermelha na escola, distinção ao melhor aluno e à melhor aluna da sala. Com a Cruz Vermelha pregada no bolso do guarda-pó, o menino e a menina eram guindados a líderes da turma e tinham a tarefa de organizar a fila e auxiliar a professora. Também se recorda da Padaria Arco-Íris, na avenida Brasil esquina com a rua General Câmara, hoje Basilio Sautchuk, aberta 24 horas por dia. A Padaria Arco-Íris era o sonho de consumo de dez entre dez meninos da Maringá dos anos 40 e 50.
Na São Roque, as reminiscências, além do trabalho diário, estão relacionadas ao futebol, aos bailes e às vindas a Maringá. Bons de bola e apaixonados pelo esporte, os Pedralli montaram um forte time, que durou mais de 20 anos, vencedor de torneios e campeonatos na região. Descendentes de italianos, sabiam organizar bailes nas tendas armadas no terreirão. As comemorações nas datas santificadas e as festas de casamentos eram famosas em Ourizona e imediações.
Morando na fazenda, as vindas da família Pedralli a Maringá eram frequentes. O ônibus da Viação Garcia pegava os passageiros em Ourizona quando o dia estava amanhecendo e retornava à noite. Ayres conta que o ônibus passava na cabeceira da fazenda e lá eles embarcavam. A distância de 35 quilômetros entre as duas cidades era percorrida por não menos de três horas. Eram muitas as paradas e buracos, árvores caídas, nuvens de poeira. Quando chovia, a situação se agravava. Os passageiros tinham que descer e empurrar o veículo para tirá-lo do atoleiro. Ourizona tinha um comércio muito fraco, restrito a secos e molhados, e por isso todos dependiam de Maringá, tanto para a compra de tecidos e calçados, móveis e material de construção como para medicamentos e consultas médicas.
Já morando em Maringá, Ayres jogou nos times do SERM (Sociedade Esportiva e Recreativa Maringá), Telefônica, Mandacaru e Operário entre 1958 e 1959. Sempre de quarto-zagueiro. Em 31 de dezembro de 1959, casou-se com Angélica Henriques, em Ourizona, depois de um namoro de três anos. Dá para imaginar a festa na Fazenda São Roque! Passagem de ano com casamento de um Pedralli! O casal tem três filhos, cinco netos e um bisneto.
Os Pedralli sofreram com as geadas, primeiramente com a de 1953, depois a de 1955, tão terrível como a de 1975, na opinião de Ayres. Tiveram que mudar de ramo. Compraram um caminhão e passaram a fazer fretes e trazer telhas e tijolos, entraram no comércio de cereais. Em 1959, compraram do então prefeito de Maringá, Américo Dias Ferraz, a máquina de beneficiar café que ele tinha em Ourizona. Reequilibraram as finanças, adquiriram terras em Japurá. No acordo para separar a sociedade, o pai de Ayres ficou com a São Roque e o tio com as terras de Japurá. A paixão pelo esporte continuou ao longo dos anos. De 1985 a 2010, ele comandou a Associação Maringaense de Bocha, e de 1978 a 1983 foi diretor do Grêmio de Esportes Maringá.
Os filhos de Arlindo diversificaram os negócios. Além do café, soja, trigo, milho, aveia e sorgo, passaram a trabalhar com gado. Em 1987, Ayres, Joíldes e Élcio passaram a dirigir seus próprios empreendimentos. Quando Ayres narra passagens daqueles primeiros anos em Maringá e Ourizona, o mano Élcio, 24 anos mais novo, acompanha atentamente e, às vezes, complementa algo, se recorda de algum fato relevante, ouve o que há muito já sabe, o que lhe foi contado pelo pai, pela mãe, pelos tios e sorri orgulhoso vendo em Ayres a história da sua família, a força do trabalho, da superação e da conquista dos Pedralli.
(Crônica de Antonio Roberto de Paula originariamente publicada no livro “Maringá 70 anos – a cidade contada pelos que viveram sua história”, editado pela Unicesumar, tendo como autores Antonio Roberto de Paula, Dirceu Herrero Gomes, Miguel Fernando Perez Silva e Rogério Recco, 2017, 2018)
Na Rua do Rosário, em Ponte Nova de Minas, acabara de nascer uma criança. Menino ou menina? Professor. De quê? De tudo. Um nome chique lhe deram: José Hiran Salée.
No Departamento de Letras da UEM, onde fomos colegas durante uns bons anos, minha mesa ficava ao lado da dele na sala dos professores. Ali, de papo em papo, em meio a intermináveis discussões sobre sinédoques e anaptixes, acabei conhecendo tin
O que o rádio tocava virava sucesso. Em 1962, eram três as emissoras em Maringá: Cultura, Atalaia e Difusora. E uma grande rivalidade. O jornal era feito para um determinado grupo de pessoas. Já o rádio, com seu fantástico alcance, chegando a todos os rincões, dominava a preferência.
No lançamento da Folha do Norte, Osvaldo Lima estreou a coluna com um nome um tanto quanto esquisito: "Antenando e Discomentando&qu
O País respirava futebol naquele 21 de junho de 1970. Não era para menos. O escrete canarinho poderia chegar ao tricampeonato. A seleção comandada por Zagallo havia vencido todos os jogos da Copa do Mundo do México e tinha pela frente a Itália, que, com muita garra, chegara à final no Estádio Azteca, na Cidade do México.
A redação da Folha do Norte, que sempre ficava fechada aos domingos, porque n&atil
O amigo do Museu Esportivo de Maringá, Jair Carvalho, que todos conhecem como Golê, meio-campista que, mesmo aos 64 anos, continua batendo muito bem na redondinha, atuando nos campeonatos do Clube Olímpico de Maringá e defendendo as cores da equipe veteraníssima do Museu Esportivo de Maringá, fez um gol-relâmpago, em 1974, aos 18 anos, quando jogava na equipe amadora do time da cidade de Atalaia, 53 quilômetros de Maringá.
“Quilômetros de papel e rios de tinta imprimem o futebol ao longo dos anos, atravessando gerações. Na era digital, as Imagens avançam pelos céus, rompem todas as fronteiras. As vozes do amor ao futebol ecoam pelo grande campo que é o mundo. Agora, em algum lugar, alguém chuta uma bola. A paixão mais documentada da história não para. O jogo nunca termina.”
(Antonio Roberto de Paula)
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