Últimas Publicações / No Dia Internacional da Mulher, homenagem às meninas do basquete brasileiro, medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Atlanta, 1996

Em 1996, o basquete feminino brasileiro realizou uma de suas maiores façanhas em todos os tempos. Na 26ª edição dos Jogos Olímpicos, realizados em Atlanta, nos Estados Unidos, entre os dias 19 de julho e 04 de agosto de 1996. Nas Olimpíadas, a Seleção Brasileira, comandada pela geração de Hortência e Paula, conquistou a inédita medalha de prata, após ser superada na decisão pelos Estados Unidos por 111 a 87 (69 a 54 no primeiro tempo).

Na época, a equipe dirigida pelo técnico Miguel Ângelo da Luz chegou à disputa da medalha de ouro invicta, após vitórias sobre Canadá, Rússia, Japão, China, Itália, Cuba e Ucrânia. Na decisão contra as americanas, as brasileiras não resistiram ao maior poderio do adversário.

“Sempre me sinto privilegiado por ter participado dessa conquista, com certeza é algo que nunca ninguém vai me tirar. O Brasil sempre teve duas grandes jogadoras, Paula e Hortência, que pudemos mesclar com atletas mais jovens como Martha [Sobral], a própria Janeth [Arcain], Leila [Sobral], Alessandra [Santos], entre outras. Com isso aumentamos a estatura e aí ficou fácil trabalhar. Mesmo sendo essencial, ninguém ganha nada só com sorte, tivemos muito trabalho para chegarmos nessa posição. Foi um casamento perfeito entre as meninas e a comissão técnica, que era nova e tinha duas pessoas experientes e fortes por trás: Raimundo Nonato e Waldir Pagan. Foi um trabalho com muita dedicação e entrega. Fomos conquistando etapa por etapa até fechar a campanha com essa beleza de medalha em Atlanta”, analisou Miguel Ângelo. “Todos acreditavam que poderíamos conseguir um resultado expressivo. Destaco também o comprometimento de todo o grupo. Foi um resultado de um trabalho muito sério, desde a comissão técnica até as jogadoras”, completou o treinador.

Hortência recebeu o título de Rainha quando era a principal cestinha do basquete brasileiro. Paula, famosa pela precisão e criatividade de seus passes, era chamada de Magic, como o jogador americano. Já a mais vitoriosa jogadora da história da modalidade no país – a única que foi campeã mundial, ganhou duas medalhas olímpicas (uma de prata e outra de bronze) e por quatro vezes levou o título da WNBA – sempre foi, simplesmente, Janeth.

“Acho que o Pan de 1991 (vencido pelo Brasil, em Havana) foi o meu arranque na Seleção, quando comecei a ajudar a Paula e a Hortência a distribuir os pontos. Passei a fazer parte do tripé. Quando a Hortência e a Paula pararam, depois de 1996 e 1998, respectivamente, senti a responsabilidade de não deixar um vácuo. Mas deixamos o “eu” de lado para pensarmos no “nós” e a Seleção seguiu no caminho certo. A primeira competição sem as duas foi a Olimpíada de Sydney, em 2000, onde tivemos altos e baixos, mas fomos ao pódio”, contou Janeth.

A Seleção Brasileira chegou à Atlanta com o moral de campeã mundial, título conquistado dois anos antes na Austrália. A equipe contava com o quinteto formado por Magic Paula, Hortência Marcari, Janeth Arcain, Leila Sobral e Alessandra Santos. Completavam a equipe Adriana Santos, Cíntia Tuiú, Claudinha, Branca, Marta Sobral, Roseli Gustavo e Silvinha Luz.

“Participar de Atlanta foi encerrar um ciclo incrível que começou com o ouro em Havana, cinco anos antes, e que teve o seu ponto mais alto no Mundial da Austrália em 94. No meio, ainda tivemos o quinto lugar nos jogos de Barcelona em 92. Foi uma geração inesquecível, que aprendeu a se conhecer, a descobrir as suas próprias forças e como neutralizar as suas fraquezas internas e se tornar um dos maiores times do mundo”, relembrou Magic Paula.

Paula foi a responsável por carregar a bandeira na cerimônia de encerramento da competição, em Atlanta. Segundo a ex-jogadora, esse foi um dos momentos mais marcantes.

“Para mim, pessoalmente, um dos momentos mais marcantes da minha participação nos Jogos Olímpicos foi quando carreguei a bandeira no encerramento dos Jogos de Atlanta, em 1996. Desfilar no encerramento é muito emocionante porque você está sozinha. Passou um filme na minha cabeça mostrando tudo o que eu havia vivido para chegar ali. Foi muito intenso”, concluiu Paula.

Durante os 21 anos em que defendeu a seleção brasileira, Hortência Marcari reinou nas quadras brasileiras. Não por acaso, ela entrou para a história do esporte com o honroso título de “Rainha do Basquete”.

“Eu particularmente sempre achei a medalha de prata mais bonita (disse entre risos). Aquela conquista foi muito feliz. Eu só tenho a agradecer ao basquete porque ele fez muito mais por mim do que eu por ele. Fiquei feliz de ter terminado minha carreira no pódio de uma Olimpíada. Na época, não tinha no mundo uma atleta que tenha tido mais sorte do que eu. Sentia-me privilegiada”, pontuou Hortência, que com a camisa número 4 do Brasil disputou duas Olimpíadas, em Barcelona, 1992, e Atlanta, 1996.

A pivô Cíntia Tuiú foi uma das importantes jogadoras da geração de ouro. Ela lembra com orgulho a conquista da medalha de prata em Atlanta. “Foi uma emoção muito grande ter jogado aquela final contra as americanas e ter sentido a adrenalina da do jogo”, disse.

Cíntia destaca a união daquele grupo e a alegria de ter chegado a uma final olímpica. “Choramos de alegria por ter chegado à final, ao mesmo tempo que vieram as lágrimas pela não conquista do ouro. As americanas eram muito fortes e a defesa delas acabou parando nosso ataque. Entramos para ganhar. A gente comentava uma com a outra: já que chegamos na final, vamos buscar o ouro. Foi um dos melhores momentos da minha vida esportiva aquela decisão”, concluiu Tuiú.

Outra importante jogadora daquela geração foi a pivô Marta Sobral, ao lado da irmã Leila. Marta recorda que a defesa das americanas foi arrasadora. “Nosso ponto forte ofensivo eram as jogadas da Paula e da Hortência. Elas não conseguiram andar, mas valeu pela medalha de prata e pela belíssima campanha. Só perdemos para as campeãs em uma trajetória brilhante em Atlanta”, recorda.

Campanha do Brasil

Brasil 69 x 56 Canadá

Brasil 82 x 68 Rússia

Brasil 100 x 80 Japão

Brasil 98 x 83 China

Brasil 75 x 73 Itália

Brasil 101 x 69 Cuba

Brasil 81 x 60 Ucrânia

Brasil 87 x 111 Estados Unidos

Classificação final

1º- Estados Unidos; 2º- Brasil; 3º- Austrália; 4º- Ucrânia; 5º- Rússia; 6º- Cuba; 7º- Japão; 8º- Itália; 9º- China; 10º- Coréia do Sul; 11º- Canadá; 12º- Congo.

(Fonte: Confederação Brasileira de Basquete)

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