Crônica de Antonio Roberto de Paula.
Jogo emocionante pela Copa do Brasil na noite de ontem no estádio Willie Davids. O Maringá Futebol Clube precisava da vitória para passar de fase. Ao até então invicto América mineiro o empate lhe bastava. Time de série A em 2023 e B em 2024, com um elenco reforçado, o América jogou aberto na primeira etapa, buscou o gol. Mostrou personalidade, esquema tático bem definido com troca de passes desde a sua defesa em evolução até o terceiro terço do campo.
No segundo tempo um panorama diferente. Os mineiros foram recuando, recuando, recuando... O MFC, com seus três zagueiros, esquema que vem dando certo nos chamados 'jogos grandes' praticamente aboliu as preocupações defensivas, deixou grandes espaços no meio campo e partiu com destemor para o ataque, obrigando o excelente goleiro Dalberson a praticar grandes defesas, duas delas de pura coragem.
Um jogo franco, disputado palmo a palmo. Num lance da mais pura inconsequência, ainda no primeiro tempo, o guerreiro meio campista Rodrigo, do Maringá, exagerou na força e só não foi expulso porque o VAR não estava presente. Tudo poderia ter sido muito diferente. Mas cada jogo tem seu próprio caminho. E o caminho deste jogo era que no final haveria o brilho dos maringaenses.
Sem Serginho, o cara da criação do Maringá, aliás, a rigor, o único, o time teve que contar com as jogadas organizadas pelo lado direito com Marcos Vinicius, lateral, ponta, ala, de ótimos passes e cruzamentos, que tem o perfeito entendimento do jogo e da sua responsabilidade como líder. É de Serginho e, nesta partida em especial, de Marcos Vinicius que saem as principais jogadas ofensivas da equipe. A dependência destes dois é preocupante.
O lateral ainda faz jogadas de Perivaldo (os antigos entenderão), mas é visível seu desenvolvimento na posição, sendo líder em assistências num protagonismo que o torna, atualmente, sem sombra de dúvidas, o melhor lateral direito do futebol paranaense.
Muitas vezes, em determinado momento do jogo, o recuo de uma equipe é involuntário. Um time coloca o outro nas cordas. É uma pressão tão forte que a melhor medida a ser tomada, ou a única, é recuar para que a cidadela não caia. O trabalho em se defender é tamanho que não sobra fôlego para a contra-ofensiva.
O técnico do América, Cauan de Almeida, deve ter conversado com seus jogadores no intervalo pedindo maiores cuidados defensivos, apenas contra-atacar porque o Maringá iria com todas as suas forças para frente. Ele sabia que o técnico Castilho colocaria jogadores ofensivos porque viu claras possibilidades de sair vitorioso pelo desempenho do seu time na primeira etapa. E vencer era só o que restava. Ficar no banho-maria significava a morte.
O que se viu no segundo tempo foi o Maringá tomar conta do campo, avançar suas linhas, acuar o time mineiro, colecionar chances de gol. A bola já não era trabalhada por ninguém no meio campo.
Com jogadores corredores e descansados, o time maringaense pressionou, confiou que chegaria à marcação do gol salvador e sua torcida não arredou pé, acreditou até o último minuto do tempo regulamentar, até o último minuto dos acréscimos.
O plano tático já era secundário naquele cenário. A ordem era atacar, atacar, se expor. O América era um time rebatedor, que abandonou o contra-ataque, na verdade abriu mão do próprio jogo, procurando sobreviver, contando os minutos para sair do Willie Davids com a classificação. Um time bem diferente daquele que fez boas partidas este ano, que pratica o melhor futebol de Minas Gerais.
Sentindo que era possível, o Maringá continuou acreditando até que aconteceu a concretização de todo o empenho, o resultado de toda a luta: o gol libertador do zagueiro Vilar, o gol que fez justiça ao melhor time no gramado. Cruzamento perfeito de Marcos Vinicius, que lembrou Jorginho, Paulo Roberto, Zé Maria.
Fez-se justiça, palavra tão estranha quando o assunto é futebol (às vezes em outros assuntos também), mas, digamos, que houve o restabelecimento da ordem, houve a premiação para quem mais quis o resultado, quem mais se aventurou, quem mais coragem demonstrou.
Um gol para ecoar no estádio, nos bares e lares, ao vivo no Willie Davids, nas ondas do rádio, nas imagens da TV, no bate-papo, no bate-boca, eternamente na memória do torcedor. Depois Mirandinha, numa puxada de contra-ataque de Negueba, deu números finais, encerrando o belo capítulo na noite do dia 28 de fevereiro de 2024.
A explosão do torcedor que mistura alegria, orgulho, contentamento é um agradecimento a estes jogadores, mais valentes do que técnicos, do serviço pesado, que não vieram com cartaz mas que forjam sua arte a partir do esforço, do trabalho e na crença do possível. Eles estão pintando seu cartaz, fazendo história com as fortes cores da coragem e da emoção.
Um grupo abnegado que faz história, comandado por um treinador simples sem ser simplório, que sabe ler o jogo e conhece as potencialidades de cada um. A vida de Castilho é feita de dificuldades, ele conhece o caminho das pedras. E seus jogadores estão trilhando por este caminho.
O que virá a seguir não interessa no momento. Vamos, por enquanto, curtir tudo o que aconteceu na noite do dia 28 de fevereiro de 2024. Vamos curtir, compartilhar e comentar.
O dia a dia foi feito para a gente colocar as coisas no seu plano lógico. A labuta diária põe nossos pés no chão. Deixemos, só por hoje, que o lúdico e o mágico nos façam sonhar. Daqui a pouco começa tudo de novo com a imprevisibilidade sendo a nossa parceira. O Maringá vai construindo sua história, uma marcante história. E a gente segue admirando e agradecendo.
Crédito das fotos: Fernando Teramatsu (do Vilar) e Odair Figueredo.
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José Alberto Pigini, o Zezé, bancário aposentado, foi um dos grandes jogadores de futsal de Maringá, sendo destaque da equipe do Banestado e do selecionado da cidade na década de 1970. Antes, Zezé se sobressaía no time do Brasinhas, de Mandaguaçu. Desde o início do projeto Museu Esportivo de Maringá, em 2016, com as exposições itinerantes e, em outubro de 2017, na inauguração da sede, Zezé
Equipe de futsal do Comercial de Nova Esperança, Paraná, 1970.
#museuesportivodemaringa #amigosdomuseuesportivo
O professor e historiador Reginaldo Benedito Dias homenageia o seu amigo, companheiro no campo de futebol da Aduem (Associação dos Doecentes da Universidade de Maringá):
"Fredi atuou profissionalmente pelo extinto Água Verde, antecessor do Paraná Clube. Nâo o vi atuar profissionalmente. A escolha decorre do notável papel que ele desempenhou como aglutinador da comunidade de futebol na Aduem. Além de aglutinar a rapazi
O amigo Tiago Valenciano, professor de sociologia e membro da Academia de Letras de Maringá, segue colaborando com o Museu Esportivo de Maringá. Desta vez, ele doou ao MEM a coleção de 4 volumes da "A História do Futebol Brasileiro", publicação de 1968 da Edibras - Editora Documenta&ccedi
“Quilômetros de papel e rios de tinta imprimem o futebol ao longo dos anos, atravessando gerações. Na era digital, as Imagens avançam pelos céus, rompem todas as fronteiras. As vozes do amor ao futebol ecoam pelo grande campo que é o mundo. Agora, em algum lugar, alguém chuta uma bola. A paixão mais documentada da história não para. O jogo nunca termina.”
(Antonio Roberto de Paula)
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