Crônicas / Livro-blog de poesias - Dispersos Versos Errantes (2010)

Todo conteúdo do livro está aqui e também neste blog: http://dispersosversoserrantes.blogspot.com/

Lançamento de "Dispersos Versos Errantes" na internet:  8 de novembro de 2010

SOBRE AS ILUSTRAÇÕES DO LIVRO-BLOG DISPERSOS VERSOS ERRANTES PRODUZIDAS POR ESTUDANTES EM 2003
Em 2003, pedi ao Marco Aurélio Fabretti, então estudante do Instituto Estadual de Educação de Maringá, hoje professor de filosofia residindo em Porto Alegre, que levasse aos seus colegas de sala as minhas poesias. Os textos foram distribuídos e eles fizeram uma ilustração correspondente ao que leram. O objetivo era saber como as pessoas interpretariam essas poesias. Determinadas leituras foram bem contrastantes com as mensagens que eu queria transmitir, o que é absolutamente lógico porque cada pessoa interpreta à sua maneira, buscando na subjetividade do texto a verdade por meio do seu conhecimento adquirido. Mais de sete anos se passaram e só agora, por meio deste blog, estão sendo publicados os desenhos. Com os meus agradecimentos a esses jovens por colaborarem com o livro vão os meus pedidos de desculpas pela longa demora em divulgar seus trabalhos.

Anielly Galego de Oliveira (Mais um ou menos um)

Adriana Claudina da Costa (Além da janela)

Aline Martins Vieira (Eu)

Ana Lúcia Dias Del Santoro (Relembranças)

Andressa Cristina do Nascimento (Versexando)

Andressa Yuka Sonoo (Totalmente imperfeito)

Anna Mary Martinez (Erradamente)

Bruno Gerhard (Um amor)

Camila Lurencetti (Freqüência motivada)

Carla Renata de Azevedo (Tanto)

Caroline Natal (Dentro ou à margem)

Caroline de Souza Gervazio (Éramos)

Danielle Romano Tavares (Um amor entreaberto)

Eduardo Hirata Arita (Verdade pela metade)

Elica Aline Martins (Divisão)

Francielly Bernardo Moraes Pinto (Ainda assim)

Géter Valério Junior (Cabeças cansadas)

Gislaine dos Santos Lopes (Batalha eterna)

Glorineide Lima dos Santos (Um ponto)

Gresieli Pinheiro (Paixão – Idas e voltas)

Jayder Romancini (Dados)

Joice Elaine (Uma canção chamada eu)

Joyce Midori Teruya (Menino de sempre)

Karine Martins Vieira (Só um sonho)

Kátia Marico Kondo (Grande Noite)

Larissa Fabretti (Liberdade dos pássaros)

Leonardo Romero Maruo (Dívida)

Marcelo de Oliveira da Paixão (Excitação poética em fim de tarde)

Marcelo Santini (Haveres)

Márcio Baradel Tanove (Anteparos – Aviso – Nós – Salvar como...)

Marco Aurélioi Fabretti (De novo)

Mário Massanori Hashimoto (Saída – Fuga (z))

Maycon Machado Camilo (Saudação e lágrimas)

Nivaldo Silveira Júnior (Agora)

Rafael Oliveira de Jesus (Duplamente)

Raquel Rocha (Finalizando – Um verão)

Ricardo Luiz (Vivos e belos – Sem pressa - Cruz)

Rodrigo Pereira de Santa (Aceitação)

Rogério Alves Moreira (Divino homem)

Renan Felipe Zacarias Vieira (Fotografia do tempo - Encontro)

Sônia Maria (Fila na carreira)

Viviane Pelisser (Entrega)

....................................................... 

APRESENTAÇÃO

Este livro levou pelo menos duas décadas para ser publicado. Durante todo este tempo fiz um arquivo com cerca de duas centenas de poesias. A cada ano organizava o material e dizia para mim mesmo: desta vez sai. Não saía e jogava fora muita coisa que julgava infantil e que hoje lamento profundamente pelo ato. Então, reciclava alguns textos e incluía outros ao velho arquivo.

As folhas amareladas (isto não é força de expressão, pois realmente dezenas delas ficaram envelhecidas) vêm comigo desde o final da década de 1970. Elas atravessaram o milênio me perguntando se eu teria coragem de mostrá-las. Pois então aí está. Tirei um peso da consciência e hoje posso destruir o arquivo sem qualquer sentimento de culpa.

Muitas pessoas, certamente, vão considerar lúgubre uma boa parte deste material. E vou concordar com elas. No início achava que para escrever poesias atrativas eu tinha que estar com o peito rasgado, o coração sangrando. Entendia que deveria materializar minha rebeldia através de textos que se insurgissem de modo desesperançado contra a Igreja, os poderes constituídos e os líderes em geral. Quanto ao amor, analisava que “amar é sofrer” e por isso dava vazão à desesperança de outra forma. E sem direito a saídas. Percebo um misto de revolta e conformismo, paradoxal e repetitivo em muito dos escritos. Quanto à contradição, explico que se um dia não é igual a outro eu também tenho minhas mutações. Não preciso usar de linearidade. Manter-me centrado diante dos fatos na maioria das vezes é algo que não consigo.
Numa fase mais recente e, portanto, mais experiente elaborei poesias que julgo doces, tranquilas e, efetivamente, dentro do meu mundo. Outrora, em muitas oportunidades, busquei outros personagens para exercitar o meu intrínseco sofrimento. Hoje, apesar desta quase placidez, eu mantenho a linha mestra que está comigo desde que me meti a escrever poesias, contos e crônicas.
Fui obrigado a fazer divisões no livro para que o leitor não venha a considerá-lo sem pé nem cabeça e para que esta humilde obra não fique despersonalizada. Por estes compartimentos espero que o leitor compreenda a minha trajetória no campo da poesia, que espero não se encerrar após esta publicação. Um outro livro poético pode até surgir. Vou precisar de inspiração, autocensura e esmero para guardar todos os rompantes que buscarei tornar reais através da escrita. E paciência para saber a hora certa de ver esses rompantes publicados .Espero também que o próximo não demore tantos anos para ser escrito.
(Antonio Roberto de Paula)

http://dispersosversoserrantes.blogspot.com/

I
SONHOS, MEDOS E INCERTEZAS


Grande noite

Agora me retraio
A luz me corrompe
As idéias são retalhos
Que diferem a cada dia
Se o meu sonho é pesadelo
Acordo e olho o silêncio
Se a luz está acesa
Procuro a escuridão
Se existem as estrelas
Então eu fecho os olhos
Porque é na noite
Que o calor dos pensamentos
Aquece meus sentidos
Agita meus músculos
E me faz sentir tão forte
E me faz pensar tão lúcido
Nesta errante procura
E quando surge a claridade
Me vejo numa cela
Entre fogos de artifícios
Sendo obrigado a aceitar
Quaisquer regras
Normas e sugestões
Passivo e pacífico
Se tento sair
Sou contido
Pelo brilho dos olhos
Ferozes e acusadores
Pela nobreza dos gestos
Finos e hipócritas
Pela força das palavras
Duras e impostas
A aspereza dos tempos
Afugentou minhas convicções
Dividiu minhas soluções
Criou dúvidas nos meus conceitos
Esta selva me fez fera acuada
Me caçando a todo instante
Alerta nos meus ruídos
Se assim me fizeram
Ou se assim me fiz
Farei meu mandamento
No dia serei sonâmbulo
Na noite acordarei a cidade
Chamando-a para viver

.................................................

Vivos e belos

Quem nos vê assim tão vivos
Não sabe o que corre além das veias
Quem nos vê assim tão belos
Não sabe o que vai nas cabeças

Quem nos olha não nos vê
Quem nos toca não nos sente
E nas nossas faces sorridentes
O bem e o mal se dão bem

Refletidos diante do espelho
Calamos para não denunciar
Nossos medos e culpas
Ou nossas forças e poderes

Diante desta vida temerosa e atrevida
Vemos passar o nosso filme impróprio
Estampado nas faces e gestos
Destes homens tão vivos e belos

..............................................................
Vivos e belos - (versão 2)
Quem me vê assim tão vivo
Não sabe o que corre além das veias
Dos músculos, órgãos e massas
Quem me vê assim tão belo e plácido
Não sabe o que está por trás deste sorriso torto
Destes olhos míopes e destas palavras soltas
Quem me olha não me vê
Quem me toca não me sente
Nesta face sorridente
O bem e o mal se dão bem
Para bens, para males
O pensamento é um bicho solto
De possibilidades enormes
A vida é um sorriso torto
Visto por olhos disformes
Em mim tudo vive, nada é morto
Tudo pulsa,nada dorme
.............................................................
Anteparos


Faz do trago
O consolo
No cigarro
Sobe com a fumaça
Faz do choro
O encosto
Para não prosseguir

No sono
Desliga martírios
Libera sonhos
Reprimidos
Faz da rua
A esperança de se perder

Na cabeça
Mora a vontade
De fugir
Sem saber pra onde
Onde não será cobrado
Sem rótulo
Sem marca registrada
Fiel a seu comando

Imperando
Esta fantasia
Está tudo certo
Está tudo bem
É mais um meio
De se esconder

..........................................................

Um ponto

Parado diante do mundo
Contando horas
Sons que não ouço
Celas que invento
Este sol tão forte
Este lamento

Tempo quente
Não estou neste presente
Passos que não dou
Era e sou um rosto
Um ponto a mais
Ou menos
Entre tantos

Faço uma história
Versos despedaçados
Vou, voo cego
No desencontro
Me entrego

O sol
Depois
As luzes
Sou só e não me encontro
Sou só um ponto

........................................................

Saída

A bebida
Antes de descer
Já subiu
À cabeça

Para que se esqueça
O que é imposto
Qualquer gosto
É válido

Tempo árido
Enchendo
Se esvazia
Escapando
Até outro dia

...............................................
Liberdade dos pássaros

Não me olhe de frente
Não me cumprimente
Não beba comigo
Não me detenha
Mantenha distância

Estou fechado
Sou meu companheiro
Sou meu prisioneiro

Não pergunte meu nome
Não me telefone
Não pergunte da vida
O que penso ou faço

Meu riso é fel
Envolto em ironias
Meu canto é gemido

Fim de tarde
Pássaros voam
Meu voo é sem asas
Com portas fechadas

Estou comigo
Passos trôpegos
Braços caídos
Penso em liberdade
Liberdade dos pássaros

................................................
Mais um ou menos um

Esconderijos
São as avenidas
Sou mais um
Ou menos um

Multidão de rostos
Não me perseguem
Não me percebem

Medos retraídos
Passos firmes
Olhos brilhantes
Irradiação da alma

Levo o corpo
Ou ele me leva
Neons me iluminam
Energia canalizada

Vou sem pressa
Voo sem força
Solidão que se foi
E a avenida a percorrer
...............................................

Relembranças

Um resto de luz
Tinge a vidraça
E timidamente clareia
O minúsculo quarto

O corpo cansado
Cigarro já no filtro
Fumaça se espalhando
Espalhando lembranças

Nos delírios carnais
Ela está presente
Forte e ditadora
Bela e inalcançável

Nervos e músculos
Se contorcem
A mente rabisca
Algo real

É impossível
Para cada razão
Há muitas razões
Para sonhar

Mistura de tédio
E solidão
Claro mistério
Entre quatro paredes

Este filete de luz
Insistindo em alertar
Que lá fora
A vida continua

Agora vem o silêncio
O infinito silêncio
Comprimindo a cabeça
Derramando lágrimas

Gemidos
Tremores
Outro cigarro
Outras lembranças

.......................................................

Freqüência motivada

Os temores nas nossas faces
As vozes abafadas
Saindo das gargantas roucas
Tremendo de medo
Trancamos as portas
E nos escondemos
Nos nossos lençóis
Outra noite invariavelmente
Silenciosa e massacrante

No dia vamos tilintar copos
Enchendo nossa mesa
Quando o milagre do álcool
Completará nossas cabeças
Na conversa revigorante
Giraremos ao nosso redor
Até podermos conhecer
Ou inventar nossa fortaleza

Nossos pavores unidos
E nosso terror sob controle
Hão de nos confortar
Somaremos os tristes sentimentos
Para poder de novo continuar
.........................................................

Áridos tempos

Áridos tempos
Tragicômicas faces
Mortes asfálticas
Jornais de papel
Ou eletrônicos
Borbulhando sangue

Fé ambulante
Vendida pelos salvadores
Estéreis campos
Fechados para produção
Férteis mulheres
Fabricando famintos

Sentimentos abortados
Desencontradas ligações
Mentiras nos púlpitos
Nas tribunas e altares
Manchetes criando o caos
E o homem a dizer amém

Nebulosos e tensos dias
Arrastando as horas
Procissão de males
Na avenida do tédio
Nesses áridos tempos

....................................................
Só um sonho

Meu sonho sai do quarto
E voa pela cidade
Se detém nas amarguras
Mas logo segue em frente
O voo continua

Meu sonho se entrega aos desejos
Se embriaga nas paisagens
Mas segue em frente
A fantasia continua

Contrastes e uniformidades
Crianças e flores
Velhos e jardins
Casas e lares
Sol e neon
Verdes e celestes
Rubros e nebulosos
Bares e escritórios
Casos fatais
Assuntos banais

Meu sonho se distrai
Segue em frente
E nada mais

.................................................

Eu

Nada do que sei é certeza
Viajei sem sair do lugar
Nada do que vi me satisfez
Distribui amores sem nada levar

Saí buscando razões
Me perdi em evasivas
Aumentaram as interrogações
Acabaram minhas teses conclusivas

Sou corpo, alma e coração
Risos, lágrimas, abraços e adeus
Um a mais buscando explicação
Um ser, uma voz, uma vida, eu.

...........................................................
O tempo e o coração

Minha boca
Já não beija tanto
Meu abraço
Já não é tão forte
Mãos nervosas
Passos inseguros
Solidão agora
Chega ligeira
Fica num canto
Parceira
Sorriso pálido
Olhar sem brilho
O tempo
É um relógio preguiçoso
Muitas badaladas de dor
Poucas de gozo
O coração maquinal
Nem bem
Nem mal
No vai-e-vem
Da cadeira de balanço
Olho o céu e a terra
Descanso

..........................................................

II
ENCONTROS


Tanto

Tenho velas para acender
Para todos os santos
Tenho beijos
Para tantos rostos
Mãos estendidas
Para tantas mãos
Sonhos
De todos os tipos
Viagens
Para tantos lugares
Tenho bebido
Em muitos copos
Tenho prazer
Em tantos corpos
Tenho tristezas
Em profusão
Alegrias
Homeopáticas
Religiões
Para todas as horas
Flores
Para todas as ocasiões
Sorrisos
Para momentos certos
E certos momentos
Lágrimas
Nas incertezas
Tenho projetos
Para esta vida
Tenho sofrido
Todas as noites
Tenho sobrevivido
Todas as manhãs
Tenho a vida
Para tanto
Tenho tanto
Para esta pouca vida
Tenho
Portanto
Tão pouco
E tanto

...............................................
Duplamente

Sou planície
Vulcão
Placidez
Fogo

Barco
Tempestade
Mar azul
Mundo livre

Multidão
Sossego
Movimento
Deserto

Físico
Sexo
Coração
Paixão

Concreto
Sonhos
Amarras
Liberdade

Eu
Paz
Pressão
Vida
.......................................................

Menino de sempre

Deixamos nossos brinquedos
Nos quintais da infância
Nossa bola já não rola
Alegre e livre como antes
Rolaram dias e o pó dos nossos pés
Se perderam nos ventos do caminho
Deixamos e esquecemos muito
Sofremos quase tudo
Mas trazemos conosco a certeza
De que a pipa da esperança vai subir
Abrir um espaço nos espaços
Trazemos conosco a força
De quem quer e pode
Nossos corpos são fortes
E nossas cabeças lúcidas e ativas
Há um novo sol para nós
Temos uma férrea vontade
E uma certa inocência no olhar

..............................................................

Sem pressa

Já fui muito
O pouco de tudo
Hoje sou mais eu
Já fui veloz
Hoje nem tanto
Tenho na voz
O riso e o pranto
Canto sem acompanhamento
Só no meu canto
Sou ora paz
Ora lamento
Sobrevivo
Sou positivo
Sou negativo
A dor me dilacera
Sou calmo
Sou incisivo
Abro um sorriso
Adquiri o dom da espera
Quanto mais envelheço
Mais fico vivo
Lembro de fatos
De outros esqueço
Ganho presentes
Não mereço
Me ligo
Me intrigo
Perco o contato
Não sei contar histórias
Não tive grandes derrotas
Nada sei das glórias
Sou o homem comum
Que se comunica
Que é mais um
Que ama, sorri e chora
Que vive o agora
Sem nenhuma pressa
De ir embora
..........................................................

Dentro ou à margem

Vivi e convivi
Fiz amigos
Já os outros
Ah, os outros!!
Nada me informaram
Fiz amores
Ocupei e invadi
Corações
Perdi um pouco
Ganhei outro tanto
As outras batalhas
Não contam
Joguei um mundo fora
Conquistei outros
Vivo e ironizo
Choro e rio
A vida é um rio
Eu dentro
Ou à margem
Deixo marcas e marco
Estou de passagem

..............................................

III
DORES E AMORES


Idas e voltas


Se ficas
Danificas
Se partes
Repartes

Traumáticas vozes
Sussurrando iras
Trovejando calmarias
Cansados corpos
Implorando prazer

Ficas
Partes
Encontros
Desencontros
Ziguezague
Controvérsias

Dramáticos pedidos
Esperando sim
Rápidos atos lúcidos
Desligando emoções

No início ou no fim
Entre idas e vindas
Há de ser possível
Viver mais esse dia

.................................................
Finalizando

Teu brilhante sorriso
Ficou opaco
Teus olhos
Se refugiaram
Nos cílios

Você se escondeu
Te virei as costas
Virando nossa página

Abri a porta
E, Interesseira
A rua me chamou

..........................................
Haveres

Fui teu
Por acaso
Por pouco

Fui teu
Sem tempo
De criar raiz

Fui teu
Sem você
Ter sido minha

Trocamos
Amores
E favores

Mas sinto
Que quem pagou
Fui eu

Hoje te encontro
Sem sofrer
Grandes abalos

Fico somente
Com a triste certeza
De ter levado calote

..............................................

Fuga (z)

A ternura
Passou por aqui
Meu deixou terno
E de sorriso abobado
Quando ela saiu
Do meu campo de visão
Instalei a carranca
E abracei a multidão

............................................
Éramos

Era uma casa pequena
Dois cômodos incômodos
Fogão, cama e ilusão

Era um quintal sem graça
Esquecido, sem vida
Espalhando poeira e solidão

Era outra vez outono
Caía folhas do calendário
Tédio em alta noutra estação

Era eu, era você
Empurrando com pressa o tempo
Sangrando cada vez mais o coração

..............................................................

Divisão

A lua chegou
Negra e triste
Pacto desfeito
Escuridão
De sentimentos
Rumos opostos
Cada um por si
Sem sinal
Por sinal
Até qualquer dia
Até qualquer lua
Hoje brinco
Com a angustia
Distraio a saudade
E de vez em quando
Procuro por nós
Olhando a lua cheia
Ou o vazio da noite

.............................................

Fotografia do tempo


Via tua foto
Cabelos escorridos
As espinhas
Cara inocente

Olhei a data no verso
Tempo demais
Além das espinhas
Você perdeu algo mais?

Agora vem tudo
A saia vermelha
Aquela domingueira
As brincadeiras

A bolsinha de franja
O colar de bijuteria
Com dois pombinhos
Nós dois nos bicando

Seus pequenos seios
O eterno chiclete
Os beijos sem língua
As sandálias de couro cru

Aquele ar juvenil...
Guardei a foto na gaveta
Abri o arquivo de recordações
E chorei lágrimas de saudade

......................................................

Um amor entreaberto

Antes de você ir
Deixe uma pista
Um sinal
Um endereço incompleto
Faça questão de esquecer
Alguma coisa

Não coloque uma pedra
Nem um ponto final
Deixe uma vírgula
Nesta frase de despedida

Na ferocidade
Das tuas palavras
Dos teus gestos
Deixe um espaço
Nas entrelinhas

Não dê o ultimato
Pode não se este
O nosso último ato
Deixe uma viradinha
De pescoço
E dentre estes passos firmes
Deixe um vacilante

Não leve esta pontinha
De esperança
Que insiste em me dizer
Que nada terminou


....................................................
Um verão

Escrevi meu nome
No teu caderno
No verão de 75

O sol queimou
Forte na alma
Veja como me sinto
Depois dos 35

Anos e graus
Letras amarelas
Vivas na mente

Conto estrelas
Somo sonhos
Eternamente
E você aí?
Como se sente?

..............................................

Variantes do tempo


Você era sempre
Clara, luz, presente
Eu, desavisado
Já tinha passado
Hoje, tudo incerto, escuro
Falta pra nós o futuro

.....................................................

IV
DEUS, A VIDA E OS OUTROS



Cruz

Paira a cruz
Sobre a cabeça
Nada me alegra
Mas nada que me aborreça

Vida que seduz
Mereço estar nela
Sem prós e contras
Abro de novo a janela

Cruz que vigia
Todos os dias
Pecado estar aqui
Culpa como companhia

Busco um lugar
Tantos descaminhos
A sobra da cruz presente
Impossível seguir sozinho

...............................................
Encontro


Saiu pelado
E foi ter com a rua
No boteco bebeu pinga
Na praça leu jornal
E não foi notado

Cantarolou
Pediu fogo
Trocou olhares
Trocou ideias
Se despediu alegremente
Tudo tão normal

Feliz
Foi para casa
Olhou para si
Para as paredes
Estupefato
Caiu de costas
E morreu de vergonha

...................................................
Batalha eterna


Esta batalha
É permanente
Sem tréguas
Contra a correnteza

Em cada dia
Em cada olhar
A boca fala
Por imposição
Da cabeça ativa

O corpo pede
Movimento
Por imposição
Da verdade
Das palavras

Na marra
No jeito
Esta força
Sempre surge
Vencendo a batalha
De olho na próxima


.........................................................
Excitação poética em fim de tarde


Senta
Uma perna
Em cima da outra
Graciosa
Estica o braço
Levanta um dedo
Sobe a blusa
O umbigo toma a cena
Cenário lusco-fusco
Ocupando o corpo queimado
Lá se vai a tarde
Refrigerante na metade
Vai-e-vem dos quadris
Olhos pra frente
Arrogância instalada
Transpondo a porta
Ganhando a rua
Nada mais é preciso
Fim do dia
Outra cerveja
E a certeza
De que ela virou poesia

...............................................

Cabeças cansadas

Perdeu o tempo
A grana e a razão
Nos bares e bordéis
Amanheceu doente
De membro cansado
E vomitando a bílis

Avenidas sem graça
Pés preguiçosos hesitantes
Barba grisalha despontando
Põe um débil sorriso na cara
Ao sonhar com a loteria

Suor vazando dos poros
Olhos avermelhados
Denúncia da noite perdida
Novamente na fila
Esmagando a bituca
Outra vez assinando
O livro de ponto

Fim da missão diária
Balanço negativo
Corpo entregue
Alma combalida
E a fé diminuída

.....................................
Além da janela

Abria a janela
Se sentia
Mais vivo
Do que nunca
As flores
Os pássaros
Namoravam o sol
Os homens viviam
Sorria para si
Dizendo obrigado
Por mais uma manhã

Se seus dias
Escorriam no leito
Aquele começo de manhã
Era sagrado
Estava entre os viventes
Além de sua janela

Chegando a chuva
Vinha a dor
Dor da saudade
Os pingos na vidraça
O transportavam
Para aquele moleque descalço
Correndo nas poças
Molhando o corpo forte
E no rosto esquálido
As lágrimas passeavam

O sol não tardava
Levando a dor
Abria a janela
Abria o peito
Para a vida
Tão feliz
Tão vivo
Que era até possível
Morrer na aceitação

......................................
Dívida

Enquanto te olho
Conto tuas rugas
Cada uma delas
Conta uma história
Registra um tempo

O teu olhar
Espelho do coração
É bom e triste
Sempre cansado
Belamente sofrido

Tuas mãos tremem
Reflexo da alma
Sempre assaltada
Sistematicamente
Posta à prova

Me pergunto
Quantas destas rugas
Ajudei a colocar
Quantos tremores
A mim coube infringir

Derramo uma lágrima
De perdão ou piedade
De desculpa ou covarde
Enfim uma confissão
Do eterno réu

Você ergue os olhos
Sorri enternecida
Como a me dizer
Não tem importância
Mãe é para essas coisas

...............................................
Fila na carreira

A veia salta
O aço fere
A brasa brilha
A fumaça entra
O sonho branco
Nas narinas
Fábrica de fantasias
Fugas fugazes
Vitórias efêmeras
O garoto sorri
Ou está chorando?
Mistura de sensações
É a felicidade
Em conta-gotas
Mais contas
Do que gotas
Mais garotos
Entrando na fila
Iniciando na carreira
Menos vida

...............................................

Verdade pela metade

Na cara do povo
A hipocrisia
Faz exercício
No dia a dia

Com seus tabus
E na uniformidade
Os homens dialogam
meias verdades

A vida real
Embaixo do tapete
E a mentira total
Forte, presente

............................................
Saudação e lágrimas


A família reunida
Pra saudar o pai que chega
Cansado
Mãos calejadas
Vestes sujas
Bolso vazio
Fio de esperança

Mesmo assim
O pai sorri
Sorriso da desculpa
Sorriso que oculta
O fracasso outra vez

O pai não desiste
Apoiado no talvez
Corre pela vida
Procurando seu quinhão

Na luta contra a maré
Acabou ferido
Na sua louca fé
Acabou-se

A família reunida
Pra chorar o pai que foi
Choro da fome
Choro da revolta

Foi o pai
Quitando enfim seu ônus
Transferindo sua luta

Nos descaminhos da vida
As vítimas não morrem
Elas se perdem por aí

............................................
Divino homem

Homem de Deus
Homem cansado
Fadiga da vida
Guerra aberta
Contra a morte
Esperança no céu
Inferno na esquina
Na contramão
Na solidão
A fé segura
Empurra a vida
Dá força
Suporta privações
Cura mazelas
O corpo fica
A alma voa
Sabe Deus o porque
Sabe Deus para onde
Homem de Deus
Desta vida
Além da terra
Além do homem
............................................
Aviso

O sino toca
Furando tímpanos
Dos infiéis
E dos fiéis

O sino toca
A vida passa
Com pecado
E com graça
..............................................................

V
O AMOR, OS PRAZERES E A ENTREGA


Agora

Olho teus olhos
Brilhantes
Perfeito
Este instante
Você também
Me vê assim
É o nosso amor
Agora
Já contando
Outra história

.............................................
De novo

Te vejo
Te encontro
Te beijo
E pronto
Me fiz
De novo
Feliz

................................................
Versexando

Tua mão desceu lenta
Meu coração acelerou
Deliciosamente
Compus um verso
Com você declamei

Minha mão subiu rápida
Seu corpo
Suavemente aceitou
Esqueci a última parte do verso
E você
Antes que eu explodisse
Cúmplice
Completou

.............................................
Aceitação

No mapa da realidade
Perdido em divagações
Encontro você
Desencontro comigo

Sentimentos adormecidos
Vem à tona
Retomam as rédeas

Te vendo chegar
Baixo os olhos
E o tom da voz

Minhas defesas rompidas
Nudez à mostra
Corrompido
Leva-me
Vamos recomeçar

............................................

Dados
Nossas línguas
Deitaram uma na outra
Pêlos e poros vibraram
Renderam-se

Nossos suores vadios
Invadiram o resto
De nossas roupas

Frio na espinha
Espinhosa e doce luta
Chamando o êxtase

Toques de mãos e pés
Desobstruções
Dependência de peles
Despejando desejos

Vozes e urros
Gemidos e sussurros
Dados, por fim
Fechados
Em nossos corpos

............................................

Paixão

Guardo comigo
Teu olhar
Imune ao tempo
A tempestades
E a outros olhares

Seus olhos
Seu sorriso
Seus cabelos
Me carimbaram
Definitivamente
É a tinta irremovível
Da paixão
..................................................

Totalmente imperfeito


Canto baixo
No meu canto mínimo
Às vezes, acho
Noutras, tenho certeza
Faço pouco caso
Enquanto tomo cerveja
Meu choro é discreto
Felizmente, sou imperfeito
Ainda assim, sou completo

.....................................................

Um amor

Um amor que me leva
Me deixa em paz
Completa
Sacia
Desperta
Mais
A cada dia

..........................................
Ainda assim

Ainda que fira
Mesmo que marque
Ainda assim fico
Mesmo assim quero
.................................................
Ferido e aferido
Marca do amor
Agradecido
Pelo prazer
Pela dor

........................................
Erradamente

Com meu jeito todo errado
Acerto a pontaria
Você cai louca por mim
Alterando minha rota

Na itinerante paixão
Estaciono no cheiro dos teus cabelos
Resfrio a consciência
No teu belo e quente corpo

Levo vales de carinho
Sonho marcar ponto eternamente
Guardo tuas palavras entre parênteses
E coleciono verbos interrogativos

Meus erros crassos e clássicos
Direciona verbos e gestos aleijados
Que te corrompem e te alegram
E me faz mais uma vez ficar

..............................................................................
Entrega

Vou me distraindo diante destes negros olhos
Passo em volta com medo de ser apanhado
A cabeça gira procurando espaço
Sufoco as ideias e me acho perdido

Uma teia de paixão é tecida para mim
Ou sou o que tece passos e planos
Não vislumbro e nem quero escapatória
O cerco se fecha e eu caminho inoperante

Então brota na mente a idéia maior
Convivo com a dor se preciso for
E vou me perdendo cada vez mais
Neste labirinto chamado amor
.....................................................................

Uma canção chamada eu

Te canto uma canção
Sem rima
Sem ritmo
Sem tom
Sem brilho
Sem estribilho

Mas, por favor
Não saia daqui
Fique por perto

Eu sei que isto
É repetitivo
E até te enjoa
Mas perceba
Como a letra é boa

......................................................

Nós

Quero dividir
Os sonhos
Somar certezas
Falar nós
Não eu
Não você
Quero o plano
Não barreiras
Quero calmarias
Não tempestades
Quero tua voz doce
Teu corpo quente
Quero mãos dadas
Passos uniformes
Não a voz de fel
O gélido olhar
Não o adeus nas mãos
Não passos contrários
Quero do teu colo
O descanso
Do teu sorriso
A alegria
De você
Nós dois
De nós
O amor
..............................................
Salvar como...

Estava te descrevendo
Numa poesia leve
Com graça e humor
Passados alguns minutos
E algumas frases
Você surgiu poderosa
Na tela do computador
E antes que te perdesse
Criei um nome no arquivo
E te salvei como “AMOR”

......................................................................................

 

REPORTAGENS, NOTAS E COMENTÁRIOS EM JORNAIS, SITES E BLOGS SOBRE O LIVRO-BLOG

Jornal do Povo - 18.11.2010

De Paula lança livro-blog de poesiasO jornalista e escritor maringaense Antonio Roberto de Paula está lançando o livro-blog “Dispersos versos errantes”. A obra reúne poesias escritas há mais de duas décadas, mas somente com a opção de lançá-las através da internet, o trabalho saiu do papel.

De acordo com o autor, o livro-blog foi a melhor escolha por dois motivos, não ter custo na publicação e não deixar a leitura restrita. O conteúdo está no endereço www.dispersosversoserrantes.blogspot.com.

A cada ano que passava De Paula organizava o material e se comprometia consigo mesmo a lançar o livro, porém este nunca era finalizado e muitas coisas eram jogadas fora, porque ele considerava o trabalho muito infantil.

“Neste livro-blog as pessoas irão encontrar coisas de adolescentes, situações da juventude, religiosidade, paixões, relações amorosas. Tem muito das minhas experiências e das coisas que observei. São 20 e poucos anos que eu tive coragem de expor”, explica De Paula.

Para não deixar o leitor confuso, o autor fez cinco divisões no trabalho, separando por temas alguns conceitos que possam ser mal interpretados. Ele disse que ao longo do tempo as pessoas costumam mudar valores, opiniões e em alguns textos isso é explícito. Afim de evitar contradições maiores, a divisão foi a maneira de proporcionar ao leitor uma leitura saudável.

“Se um dia não é igual a outro eu também tenho minhas mutações e não preciso usar de linearidade. Manter-me centrado diante dos fatos na maioria das vezes é algo que não consigo”, afirmou De Paula.

O autor ainda relata que nunca se considerou um escritor ou poeta, por isso não publicava nada que escrevia. “Um livro que lancei da forma convencional só foi para fora do País porque uma amiga levou, mas agora com esse eu não gastarei nada e ele não terá fronteiras”.

Além das poesias, o livro conta com o trabalho artístico de 40 alunos do Instituto de Educação de Maringá, feitos há sete anos. Hoje esses estudantes são professores, mães, pais, universitários; e também terão suas ilustrações expostas, uma espécie de resgate da memória.

De acordo com o jornalista, o caminho que ele precisava para publicar suas obras, foi encontrado. A falta de dinheiro não será mais empecilho para lançar os quatro livros que estão prontos, contendo crônicas e contos.

“Pretendo lançar um livro impresso que fala sobre Assessoria Política, fora isso vou continuar com o modelo de livro-blog. A falta de dinheiro atrapalha quem deseja lançar uma obra literária; mas agora com a internet, escritor pobre, como eu, está no céu”, finaliza Antonio Roberto de Paula.

 

............................................................ 

Site www.angelorigon.com.br

17.11.10 - Angelo Rigon

Um livro-blog de poesias

O imortal Antonio Roberto de Paula está lançando na internet o livro “Dispersos versos errantes”, que traz poesias feitas ao longo das últimas décadas. “As ilustrações foram feitas há sete anos por estudantes do Instituto Estadual de Educação de Maringá. Em 2003, pensei em publicar o livro, mas o tempo passou, outros projetos surgiram e só agora resolvi lançar. Algumas poesias já havia publicado, mas a maioria é inédita”, explica. Para ler, basta acessar o blog Dispersos Versos Errantes.

....................................................................

DE PAULA LANÇA LIVRO-BLOG

Blog 
www.laurobarbosa.com
novembro 17th, 2010 Por: Lauro Barbosa 
  Antonio Roberto de Paula, competente Diretor de Comunicação da Câmara Municipal de Maringá, “carinhosamente” também chamado de De Paula e Tunicão – depois da TV Girafa – traz outra novidade para o mundo virtual, que é o lançamento de um “livro-Blog”, o primeiro do gênero, de sua autoria, intitulado “Dispersos versos errantes”.
Ele próprio conta os detalhes.

............................................................................................


Blog: www.bardobulga.blogspot.com
Poemas do De Paula na internet


Reginaldo Dias e Antonio Roberto de Paula (Foto: Bar do Bulga)

O multimídia maringaense Antonio Roberto de Paula lança na internet o livro "Dispersos versos errantes". São poesias que ele escreveu ao longo das últimas décadas e resolveu reuni-las num blog. Ele optou pelo livro-blog por dois motivos: não tem custo e, com certeza, muito mais pessoas vão ler. O endereço é http://www.blogger.com/www.dispersosversoserrantes.blogspot.com.As ilustrações foram feitas há sete anos por estudantes do Instituto Estadual de Educação de Maringá. O livro estava na gaveta desde 2003.

 

.................................................................

http://www.odiario.com/blogs/miltonravagnani/

Versos errantes

O irriquieto Roberto de Paula, que entre outras coisas é diretor de comunicação da Câmara de Maringá, acaba de lançar mais um livro eletrônico. Ele, que já contou a história da Folha do Norte em e.book para a internet, volta á carga com suas poesias errantes. Dispersos Versos Errantes é o nome do blog/livro, disponível neste endereço. Boa leitura.

.........................................................................................

 

Site: http://www.academiadeletrasdemaringa.com.br/

Um livro-blog de poesias

Por diretoria | Publicado:17 de novembro de 2010

 

O escritor Antonio Roberto de Paula, membro da ALM, está lançando na internet o livro “Dispersos versos errantes”, que traz poesias feitas ao longo das últimas décadas.

Para ler, basta acessar o blog Dispersos Versos Errantes. ......................................................................................      

 21.11.10 - JORNAL HOJE - MARINGÁ - COLUNA CARMEN RIBEIRO E BLOG www.blogcarmenribeiro.blogspot.com                                       

 LIVRO VIRTUAL

            Roberto de Paula, jornalista,  lançou na internet o livro "Dispersos versos errantes", com  poesias escritas ao longo das últimas décadas. "Optei pelo livro-blog por dois motivos: não tem custo e, com certeza, muito mais pessoas vão ler".

 As ilustrações foram feitas há sete anos por estudantes do Instituto Estadual de Educação de Maringá.

O endereço é www.dispersosversoserrantes.blogspot.com.

......................................................................................  

JORNAL MATÉRIA PRIMA -  CESUMAR - EDIÇÃO 319 - ANO 11 www.jornalmateriaprima.com.br Reportagem sobre livro digital

Autores ajudam na divulgação da história

Além de uma realização pessoal, a publicação de e-book permite ao escritor estender novos conhecimentos aos leitores    Trecho de reportagem e foto de

Alisson Gusmão

 O uso de novas tecnologias nas produções literárias está presente no cenário de Maringá. Detentores de grandes histórias, jornalistas, escritores ou meros admiradores conseguem espaço para a divulgação de seus trabalhos, mesmo não com poucos recursos. São os chamados produtores de “e-books”, que, mais do que a publicação de suas criações, conseguem ganhos inúmeros: desde realização pessoal até a gratificação de um serviço prestado à literatura e à história da cidade. 

Um dos precursores da produção de e-book em Maringá, Antonio Roberto de Paula, 53, foi responsável por um apanhado histórico do jornalismo na cidade. O “Jornal do Bispo”, livro publicado no ambiente on-line, conta a história da “Folha do Norte”, de propriedade de Dom Jaime Luiz Coelho, primeiro arcebispo de Maringá, que detinha grande poder de influência na sociedade e o objetivo de divulgar as ações da Igreja Católica, além de combater os ideais comunistas presentes na época. 

 

“As pessoas lembram com carinho da ‘Folha’. Na verdade se lembram de como viviam na época”, afirma o jornalista. De Paula, como é conhecido, diz se interessar pelo jornalismo relacionado ao resgate histórico e que, com o “Jornal do Bispo”, conseguiu relatar uma história que até então ninguém tinha contato. 

 

“Consegui fazer uma ligação histórica do jornalismo antigo com a realidade de agora, relatando as diferenças da década de 1970 [período em que o jornal mais esteve presente] até os dias atuais.” O jornalista, que demonstra orgulho ao ver seu trabalho ser estudado, ainda afirma que não produz por dinheiro, já que um livro eletrônico não traz esse benefício, e sim pelo prazer que sente em proporcionar conhecimento às pessoas. “Quando alguém reconhece seu trabalho a gratificação é enorme. Você não ganha dinheiro, mas marca seu nome na história da cidade. Proporciona aos estudantes conhecer melhor a história.” 

 

A produção literária publicada na internet é alternativa para aqueles escritores que sentem vontade de divulgar seus trabalhos, mas não têm recursos financeiros para publicações impressas. Essa é uma realidade vivida por muitos escritores maringaenses, que acabam divulgando os trabalhos apenas entre os amigos.

.........................................................................................

Jornal O Diário do Norte do Paraná - 23/11/2010 

De Paula joga os versos na rede

Wilame Prado

A simplicidade da vida é algo mesmo muito poético. Assim como a alma inquieta das pessoas a se alienarem tão belamente por entre o drama do viver cotidiano. Uma mistura entre coisas simples e dramáticas da vida e do viver, que lateja na cabeça do observador (todos os poetas são), é o que Antonio Roberto de Paula nos oferece em seu mais novo livro de poesias "Dispersos Versos Errantes", disponível gratuitamente para quem quiser ler no endereço eletrônico: dispersosversoserrantes.blogspot.com. Sempre na busca por novas formas de se comunicar, De Paula, velho conhecido dos leitores de O Diário pelas crônicas domingueiras que publicava em sua coluna Da Minha Janela, inova mais uma vez ao oferecer seu livro em forma de blog, uma espécie de livro-blog. São dois os motivos que levaram o autor a escolher este formato virtual para publicar as mais de cinquenta poesias do livro: a ausência de custos e a possibilidade de oferecer para um universo maior de pessoas a sua literatura. O leitor que reservar um tempo de sua navegação pela internet para visitar o livro-blog "Dispersos Versos Errantes" vai perceber um detalhe interessante da publicação, que une diferentes manifestações artísticas: todas as poesias ganharam ilustrações, feitas por jovens alunos de um amigo do escritor, que, justamente pela singeleza e simplicidade juvenil, deram um toque de inocência e delicadeza à obra. Aliás, os jovens ilustradores foram predominantes para que De Paula resolvesse tirar de vez da gaveta as folhas manuscritas com seus "versos errantes", literalmente amarelecidas por estarem guardadas há mais de vinte anos. O escritor maringaense conservou a verve poética de duas décadas, concedendo apenas aos estudantes que fizeram desenhos inspirados nas poesias a honra de ler esses escritos. Estando com todo este material de ilustração e literatura em mãos, ele ainda o deixou amadurecendo durante sete anos até resolver publicar na internet o conteúdo.

De Paula: "Minha expressão é o texto; sereno, irônico

ou lúgubre, as vezes contraditório"

"Estou aliviado. Estava há sete anos com esse material e me culpava por não publicá-los. Poxa, a meninada teve a maior boa vontade em desenhar e eu com as folhas na gaveta. As ilustrações são muito importantes, acho que valorizam os textos e mostram um olhar diferente do meu. Bem diferente em várias oportunidades. Os desenhos são um registro daqueles meninos e meninas naquela época, eles expuseram seus sentimentos por mais simples que possam parecer as ilustrações. Só tenho a agradecer", comenta De Paula.Desde os 15 Muitos já conhecem a produção literária do De Paula, autor de vários livros com suas crônicas, poesias e até uma biografia encomendada. Seu trabalho profissional como jornalista também é reconhecido em Maringá; hoje ele ocupa o cargo de assessor de imprensa da Câmara Municipal dos Vereadores, além de estar à frente da primeira televisão via web maringaense, a TV Girafa, e também de uma empresa especializada em clippings. Poucos, no entanto, conheciam os primeiros passos na poesia do escritor, que se revelava, por meio da literatura, mais pulsante, menos comedido, deixando as palavras traduzirem mais o que o coração falava e não tanto a razão. Com "Dispersos Versos Errantes", os leitores têm a oportunidade de conhecer esse outro lado literário do escritor, que começou suas aventuras poéticas ainda novo, com 15 anos. No entanto, como sabemos bem, nem tudo o que se produz é aceito pelo senso extremamente crítico que autores (nme todos) costumam ter com seus próprios textos.

 

Acesse "Dispersos Versos Errantes", disponível gratuitamente em www.dispersosversoserrantes. blogspot.com  De Paula conta que, quando começou a escrever, jogou muitos versos no lixo, coisa de que se arrepende um pouco. "Ao longo dos anos joguei muita coisa fora. A maior parte do que está no blog é material escrito até os 25 anos, por aí. Com o tempo, fui arrumando, adaptando, cortando. Mas mantive a essência da maioria. Algumas são originais. Considero que elas são bem simples, infantis até. Mas, não quis mudar. Se mudasse, esse trabalho não seria uma espécie de retrospectiva, essa liberação de anjos e monstros criados desde a adolescência. Eu me arrependo de ter jogado fora porque se pudesse ler hoje tudo o que tinha escrito, daria uma maravilhosa volta no tempo, reavivaria a memória, sofrida ou feliz, não importa", diz o cronista e poeta.O Diário - Em trecho da apresentação no livro-blog, o senhor diz que segue uma linha mestra na feitura das poesias, contos e crônicas. Qual seria essa linha e o que, na essência, quer passar com sua mensagem literária? De Paula - A mensagem principal é mostrar para as pessoas que, por mais diferentes que elas sejam, os dramas, as ideias, os ideais, as preocupações e os sentimentos convergem para um mesmo fundamento: a busca da felicidade. Cada um conta ou faz do seu jeito. O meu é esse. Minha expressão é o texto. A linha mestra é o texto fragmentado, às vezes contraditório em função da variedade de informações que recebo e muitas vezes não consigo processar, às v

Veja Também

Copa do Mundo de 1998 (Democracia da paixão)

“O relógio vai avançar preguiçosamente. A gente vai ver, ouvir e ler, mas sem prestar atenção. Só ficar pensando como será esta decisão”

        Hoje eu vou colocar aquela camisa amarela da Copa de 86, o shortão verde e uma fita com a inscrição “Brasil penta”. A bandeira brasileira de plástico, brinde do posto, vai ficar, com

Dalva e seus natais com as crianças carentes  

   

São quase setenta anos no mesmo endereço da avenida Brasil. Maria Dalva Drugovich Ponciano e Nestor Ponciano se casaram no dia 12 de junho de 1946 na paulista Viradouro, cidade natal dela, e vieram para Maringá em 1948, onde seu pai Antonio Drugovich, a mãe Maria Cratel Drugovich e os irmãos já estavam desde 1945.

     Antonio Drugovich comprou terrenos na Vila Operária e montou uma oficina.

Nasci Antonio  

 Rua Pioneiro Domingos Salgueiro, 1415- sobreloja - Maringá - Paraná - Brasil

 (44) 99156-1957

Museu Esportivo © 2016 Todos os diretos reservados

Logo Ingá Digital